A escolha da Covilhã como “sede” da selecção nacional, entre 13 de Maio e 1 de Junho, foi oficializada na passada terça-feira com a assinatura do protocolo de colaboração entre a Câmara da Covilhã e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Durante a cerimónia, Carlos Pinto frisou que «acabámos de fazer o mais fácil», pois «para chegar aqui» a autarquia teve de «trabalhar muito» na preparação de infraestruturas desportivas e também hoteleiras. O edil sublinhou que a escolha da Covilhã foi um «reconhecimento à cidade» e que a Câmara «mobilizou-se para dar resposta às exigências deste estágio». Depois de recordar que há 20 anos, quando tomou posse pela primeira vez como presidente da Câmara, teve entre os convidados o seu «amigo» Gilberto Madaíl, Carlos Pinto comentou que «os dirigentes da FPF deram um sinal ao país de que estão atentos e reconhecem que fora dos grandes centros existem condições excelentes para acolher este trabalho profissional, que não pode ter falhas», asseverando que a decisão da Federação «é para nós uma honra». Considerou ainda que «os atletas vão encontrar um ambiente caloroso na Covilhã e em toda a região», concluindo que o «percurso de vitória que todos desejamos na África do Sul começa aqui».
Também Gilberto Madaíl, presidente da FPF, referiu que «aqui começa a nossa aventura africana», explicando que, «depois de analisadas as condições técnicas», a escolha recaiu sobre a Covilhã por dar resposta às necessidades da preparação que exige um Mundial de futebol. O dirigente acrescentou que esta será também uma boa forma de promoção de contacto e empatia com a população e que a «ida à bonita cidade da Guarda será outro momento de contacto com as pessoas». O dirigente adiantou que vir à Covilhã significa «descentralizar» e também «colher uma dose de moral, carinho e apoio». Contudo, Madaíl mostrou-se ponderado em relação à participação portuguesa no Mundial, reconhecendo que a selecção está integrada num grupo difícil, mas afirmou que tem «um “feeling” [como diz a música dos Black Eyed Peas] que vamos ultrapassar esse grupo e vamos muito mais além». Por sua vez, o seleccionador nacional Carlos Queiroz destacou as boas condições oferecidas pela Covilhã e confessou que está «ansioso» por iniciar o estágio na cidade e apreciar os 23 jogadores convocados para a África do Sul.
Requalificação dos campos de treino
Serão 20 dias de estágio dos seleccionados de Carlos Queiroz, que vão dormir todas as noites a 1.600 metros de altitude no Hotel Serra da Estrela, nas Penhas da Saúde, e treinar no Complexo Desportivo da Covilhã (600 metros), ao lado do Hotel de Turismo – que servirá de base durante o dia.
De resto, o moderno complexo desportivo, onde habitualmente joga o Sporting da Covilhã, irá encerrar segunda-feira ao público para serem executados os trabalhos de adaptação, nomeadamente a montagem de bancadas nos topos do campo e a ampliação da bancada amovível – que ficará mais próxima do relvado. No final, o recinto passará dos actuais 3.150 lugares para uma capacidade de 12 mil (o protocolo determina uma capacidade acima dos 10 mil lugares). Devido à transmissão televisiva dos jogos particulares de Portugal com Cabo Verde (24 de Maio) e os Camarões (1 de Junho), irá ser instalada uma plataforma sobre a pala da bancada principal do complexo.
Outro local onde os convocados para o Mundial irão treinar será o “velho” Santos Pinto, na zona alta da cidade, estádio que está a receber obras profundas de beneficiação, de acordo com o definido pelos técnicos da FPF.
O terceiro campo de treino será o Estádio Municipal da Guarda. Segundo Joaquim Valente, também presente na cerimónia, o Municipal da cidade está a ser alvo de alguns melhoramentos para receber a selecção a 26 de Maio – um dia de treino em que se espera uma grande adesão popular dos guardenses.
320 jornalistas já acreditados
A 23 dias do início do estágio da selecção, a Covilhã já soma reservas para 320 jornalistas, portugueses e estrangeiros, e estão seis canais de televisão acreditados, «número inédito na cidade», destaca Carlos Pinto. Para o autarca, «receber este estágio é uma vitória da qualidade da nossa terra em termos de infraestruturas» sem esconder o desafio que a organização está a representar, pois «temos tido nos últimos dias um trabalho e respectivos custos inimagináveis, em especial com detalhes exigidos pela selecção». O edil comentou à Lusa que «já depois de estar tudo combinado, as pressões junto da Federação foram muitas, de várias cidades, até da vizinha Espanha, que ofereciam tudo e mais alguma coisa», acrescentando ainda que «quase pagavam para ter a selecção». Ainda assim, considera este assédio «natural» por «tudo aquilo que a selecção representa».
Câmara da Covilhã quer cidade “em festa” durante estágio
A autarquia covilhanense pretende «tornar a presença da selecção nacional na Covilhã numa festa» e para isso vai organizar diversas actividades paralelas à presença dos seleccionados de Carlos Queiroz. Os concertos com os “Amália Hoje” e os Xutos e Pontapés”, ambos com entrada livre, serão apenas as iniciativas mais sonantes de um programa que pretende envolver toda a cidade. Assim, a forma como os muitos visitantes aguardados vão ser recebidos pelos restaurantes, bares e discotecas são uma preocupação para a edilidade, que pretende reunir com os empresários do sector, a quem Carlos Pinto irá pedir «um particular empenho» para, em parceria, decidirem a melhor forma de promover a animação da cidade durante esses dias. Num comunicado da autarquia pode ler-se que o edil promete que «quando os convocados do seleccionador Carlos Queiroz chegarem, “a cidade estará engalanada”».
Assim, e depois de cumpridos todos requisitos técnicos que permitem à Covilhã albergar a selecção nacional, a autarquia não quer deixar nada ao acaso e pretende que todos os que acompanhem os jogadores, nomeadamente turistas, apreciem a cidade e a região, para além de poderem ver de perto os seus ídolos ou assistirem aos treinos da equipa das quinas.
Luis Baptista-Martins
