A ligação ferroviária entre a Covilhã e a Guarda através na Linha da Beira Baixa foi retomada na última sexta-feira, quase quatro meses depois das obras de beneficiação em quatro das 12 pontes existentes ao longo do percurso (Tapada das Cortes, Silveiras, corte do Cavalo e Diz).
Segundo Rui Reis, do gabinete de comunicação da REFER, as obras ficaram «concluídas a 21 de Dezembro», mas só agora é que a CP retomou a exploração naquela via ferroviária. Em causa estiveram «problemas técnicos das automotoras», explicou a “O Interior” Valdemar Abreu, assessor de imprensa da CP, apesar de não saber em concreto quais os problemas verificados com as automotoras Allan – que têm mais de 50 anos – e que foram agora «totalmente modernizadas». Assim, quem circular nas “novas” automotoras entre a Guarda e a Covilhã beneficiará de uma maior segurança e conforto: os assentos são mais confortáveis, há ar condicionado, painéis informativos sobre a temperatura e a velocidade da automotora, casas de banho modernizadas e música ambiente durante a viagem, que continua a demorar mais de uma hora apesar dos 46 quilómetros que separam as duas cidades. «O traçado da linha não permite aumentar a velocidade», explica o assessor de imprensa da CP, para quem a modernização da linha permitirá «ganhos de tempo». Para além disso, as automotoras passam a dispor de uma capacidade para 94 lugares sentados e 51 em pé, bem como um moderna imagem exterior.
Recorde-se que a ligação Covilhã-Guarda foi interrompida em Agosto do ano passado para obras de modernização da Linha da Beira Baixa, que se iniciaram em 1998. Até ao momento, a REFER já suprimiu 40 das 65 passagens de nível existentes, construiu a nova estação de caminhos-de-ferro da Guarda e instalou novos sistemas de fixação das travessas em quatro das 12 obras de arte existentes em toda a linha. Intervenções que ascendem a quatro milhões de euros. «Neste momento, a REFER está a intervir em Castelo Branco», sendo que a etapa seguinte será a ligação Fundão-Covilhã e só depois a modernização da ligação Covilhã-Guarda, o que deverá acontecer «após 2006», adianta Rui Reis. Apesar de ainda não haver garantias para essa modernização, pois não está incluída neste III QCA, a REFER tem «a intenção de modernizar a linha até à Guarda», sustenta aquele responsável.
Hélder Bonifácio, presidente da “Associação 6 de Setembro – Liga dos Amigos da Beira Baixa”, confessou a “O Interior” estar «muito satisfeito» com a retoma do serviço após os 8 meses de paragem. A associação sempre «foi muito crítica» quanto ao encerramento da linha por levar à desabituação do comboio. Agora, Hélder Bonifácio espera apenas que a modernização da ferrovia aconteça «o mais rápido possível», pois «não faz qualquer sentido continuar nesse sistema arcaico onde se demora mais de 1h15 em pouco mais de 40 quilómetros». Compreendendo a morosidade da modernização de toda a linha – devido às obras por fases -, o dirigente espera apenas que «não se esmoreçam as intenções» para lá de 2006, altura em que se prevêem as obras entre a Covilhã e a Guarda.
Para já, e até Setembro de 2004, a REFER vai continuar com a substituição da passagem inferior da Baiuca e Pontão de Belmonte e fazer obras de beneficiação das pontes do Pina, do Reboal, Tapada das Cortes e da Gualrita. O reforço das estruturas metálicas de tabuleiros, a substituição do sistema de fixação de travessas e de aparelhos de apoio, a decapagem e pintura de tabuleiros são as acções a desenvolver para eliminar as limitações de velocidade e das cargas actuais e que ascendem a cerca de 1,5 milhões de euros. A beneficiação e o reforço das pontes da Carpinteira, Zêzere, Penhas da Barroca, Corge, Maçainhas e Gogos, o reforço do túnel do Sabugal e renovação integral da via são as acções que se seguem. A beneficiação e adaptação de edifícios e plataformas de passageiros são também intervenções a executar até final de 2006, bem como a implementação de um novo sistema de sinalização electrónica e de uma nova rede integrada de telecomunicações, a electrificação da linha com um sistema de catenária simples alimentado a 2X25 kv e 50 Hz, o controlo automático de velocidade, a implementação da Rádio Solo Comboio e a construção de passagens desniveladas para supressão de passagens de nível. Obras incluídas no III QCA e que rondam os 47 milhões de euros.
Liliana Correia