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Códigos venais

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A propósito da sociedade aberta e seus inimigos, encontramos sempre os mesmos caminhos para chegar às mesmas ilusões humanas. Os totalitários e os criadores das fronteiras violentas sobre a liberdade, ou sobre qualquer fantasia ideológica, transportam constantemente um pau de virtudes, um mandamento de regras que se pregam à alma. Os virtuosos obrigam, aplicam, um pensamento unívoco e ditatorial que protege as suas verdades, obviamente sempre maiores que as dos outros. Assim surgiu a Inquisição, assim surgiram os regimes totalitários. Todos eles, tal como nas religiões, transportando a tábua das regras e das punições. A cada incumprimento seu castigo. Como na McDonald’s, está tudo codificado. O 3456 é um olhar pecador na mulher alheia – seis chicotadas, código VF356. Depois há o desejo de poder (crime 2987) punido com solitária (VF 653). Assim, os donos da razão cumprem seu destino impetuoso e firme. Eles definem a moral e os bons costumes e eles, exatamente os mesmos, punem e infligem severas penas. O Moisés da modernidade pode chamar-se Hegel, Platão ou Karl Marx. Mas pode nascer turco, ser jovem turco, ou russo, ou da Crimeia. Eles “andem aí!”

O que mais me assusta nos seres humanos é esta força violenta que nasce das almas simples e aparentemente puras que, num repente, viram lobos, tornam-se venais e procuram desesperadamente a liderança da alcateia. Eles bramem argumentos como espadas, dilaceram os ventres de tudo o que os impede e atiram-se sem pudor sobre as cadeiras que ditam os códigos. A partir de hoje os códigos são seus!

Por: Diogo Cabrita

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