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Cine Teatro da Guarda à venda na Internet por 10 milhões de euros

Antero Cabral Marques considera que o novo presidente da Câmara devia comprar edifício «emblemático do património e da história» da cidade

Há um edifício histórico da Guarda à venda na Internet por 10 milhões de euros. Trata-se do antigo Cine Teatro da cidade, que a Predial da Corredoura colocou no site de anúncios classificados OLX a 31 de outubro. Desde 2008 que a imobiliária de Antero Cabral Marques quer alienar o imóvel – «excelente edifício para reconstruir», refere o anúncio – e desta vez sublinha que o preço é negociável.

«Está à venda desde que o comprámos, mas não têm aparecido compradores», esclarece o proprietário, para quem «o novo presidente da Câmara é que o devia comprar porque é um edifício emblemático do património e da história da Guarda». Antero Cabral Marques assume que teria «muita honra em sentar-se à mesa» com Álvaro Amaro para discutir o assunto e que a falta de dinheiro da autarquia não é problema: «Há instituições financeiras para isso. De resto, também sou capaz de vender o Cine Teatro mais barato, tendo em conta a recessão», adianta, acrescentando, contudo, que «o segredo é a alma do negócio». Projetado pelo arquiteto Manuel Alijó no final dos anos 40 do século passado, a grande sala de espetáculos da Guarda foi inaugurada a 4 de julho de 1953. Fechou em 1987 devido ao desinteresse do público e à desmotivação dos investidores, permanecendo devoluto desde então.

Pelo meio, Antero Cabral Marques comprou o imóvel e, em 1997, a então presidente da Câmara Maria do Carmo Borges propôs adquiri-lo por 2,5 milhões de euros (500 mil contos à altura). No entanto, o proprietário exigiu o dobro e o negócio gorou-se, tendo o município optado pela construção do Teatro Municipal da Guarda. Pouco depois foi a Igreja Universal do Reino de Deus que se mostrou interessada: «Estavam dispostos a pagar 700 mil contos (3,5 milhões de euros), mas surgiram uns problemas e desistiram», recorda o construtor e promotor imobiliário. Já no século XXI, o proprietário anunciou a intenção de transformar o edifício num centro comercial com escritórios e parque de estacionamento subterrâneo, mas uma quezília judicial entre um antigo arrendatário e a Sociedade Empreendimentos Cine Teatro da Guarda travou o negócio. «Sou dos que pensam que mais vale ter património do que o dinheiro no banco, mas tenho poucas expetativas de vender este imóvel porque o Estado não investe e os particulares estão encolhidos. Já fica para os netos», declara Antero Cabral Marques.

Localizado no centro da cidade, o edifício tem uma área coberta de 1.447 metros quadrados, num total de 1.853 metros quadrados, e pode ser adaptado para «comércio, serviços, indústria, centro comunitário, habitação de luxo, clínicas, centro de bem estar», apregoa o anúncio, que não esquece de publicitar que a Guarda é a cidade com «a melhor qualidade de ar puro e acesso direto às vias rodoviárias de ligação à Europa».

Luis Martins Cine Teatro está fechado desde 1987 e continua devoluto por falta de compradores e de projetos de reabilitação

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