A ciência constitui o campo do conhecimento humano mais reconhecido. A ciência é um sistema desenvolvido para a aquisição de conhecimento. Nesse sistema participa a comunidade científica, que descreve e explica os fenómenos naturais por meio da observação e da experimentação rigorosa. O conceito de ciência também é utilizado para fazer referência ao corpo de conhecimento organizado que se obtém mediante o uso do método científico.
A ciência moderna constitui-se como o resultado de um longo processo, em cujo destino os avanços nos campos da astronomia e da física foram decisivos. Na atualidade, os avanços teóricos derivados da aplicação do método científico implicam um incessante desenvolvimento técnico e tecnológico. A mecânica e a relatividade foram áreas que anteciparam progressos na etapa de surgimento da ciência moderna. Atualmente, a biotecnologia, a inteligência artificial e o estudo do genoma humano prometem grandes surpresas.
Ainda assim, o Homem teve de aguardar a chegada do Renascimento (séculos XV e XVI) e o início de um processo, conhecido como revolução científica, que teve a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico como um dos seus protagonistas. A atividade científica começou a deixar de estar subordinada a princípios de autoridade para passar a reger-se pelo pensamento.
No início do século XVII, a física converteu-se num modelo a seguir para todas as disciplinas que aspiraram a ter um carácter científico. O desenvolvimento dos métodos e técnicas que permitiriam o controlo da experimentação deu lugar aos que viriam a ser conhecidos pelo nome de método científico, uma forma de adquirir o conhecimento dotado de regras muito precisas.
O método científico é a principal ferramenta para o desenvolvimento da ciência. A construção de um método científico tornou possível o acesso ao conhecimento de maneira organizada e sistemática. Este método científico tem como objetivo encontrar as causas que expliquem determinados fenómenos. Para isso, faz uso tanto da experimentação, quando esta seja possível, como da lógica.
A partir daí define leis com as quais procura explicar as causas dos fenómenos naturais e, em certos casos, realizar previsões sobre o seu comportamento. O método científico é, então, um procedimento que ambiciona a obtenção de conhecimento científico novo. É importante salientar que não pretende obter resultados definitivos, visto estar sempre aberto à possibilidade de rejeitar as hipóteses que tenham sido demonstradas. É assim porque a experimentação só permite assegurar a falsidade de uma hipótese e não a sua verdade. Karl Popper foi o primeiro a destacar que, por muitas afirmações verificáveis que um cientista possa dispor, nunca poderá comprovar realmente que estão certas, enquanto a falsidade de uma hipótese, essa sim, pode ser confirmada empiricamente.
As hipóteses são presunções sobre a relação causa-efeito entre uma variável dependente, que há que explicar, e, pelo menos, uma variável explicativa independente.
Para gerar uma hipótese os investigadores aplicam diferentes recursos: o seu conhecimento particular do campo de investigação, a consulta de investigações precedentes na matéria, a avaliação de bibliografia teórica sobre o tema e o contacto com peritos ou especialistas.
Todos os investigadores conhecem, de um modo ou de outro, o campo sobre o qual investigam. Esse conhecimento pode dar origem a prestações sobre a realidade, as quais poderão gerar hipóteses que carecem de ser confirmadas através da experimentação.
Por outro lado, as investigações prévias deram lugar a hipóteses, muitas delas rejeitadas. É também tarefa dos investigadores reavivar hipóteses e tentar comprová-las à luz dos novos avanços nos métodos de investigação. As investigações teóricas podem servir também para a formulação de hipóteses, assim como as conversas com especialistas na matéria objeto de investigação, já que suscitam generalizações dignas de ser corroboradas empiricamente.
Ao colocar-se uma presunção no centro de uma investigação científica deverão listar-se as hipóteses que é necessário comprovar empiricamente. Por outro lado, há que discriminar de que tipo de hipóteses se trata. As hipóteses escolhidas deverão cumprir os seguintes requisitos básicos: ser comprováveis empiricamente, gerais, complexas e com elevado conteúdo informativo.
A hipótese deve ser sempre vista como uma resposta possível e provável a uma pergunta que dá início a uma investigação. Representa a solução que o cientista criou na sua mente com o propósito de resolver uma questão e gerar conhecimento.
Por: António Costa