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Chuva anima mas pouco

Associação de Regantes, DRABI e SMAS satisfeitos com as primeiras chuvas, mas esperam um Inverno rigoroso para assegurar o próximo ano

A chuva que começou a cair há cerca de uma semana veio levantar os ânimos de quem começava a preocupar-se com as colheitas e com o abastecimento de água aos consumidores. Na Beira Interior, já se previa uma época complicada e um 2006 «mau» sobretudo para a agricultura e pecuária, mas as primeiras chuvas de Outono vieram inverter a situação.

Pelo menos é assim que António Gomes, presidente da Associação de Regantes do Regadio da Cova da Beira, sediada no Fundão, explica as benesses que a chuva trouxe para o projecto, nomeadamente a garantia do abastecimento às criações de gado até ao final do ano. «Esta chuva acabou com todos os nossos problemas imediatos», regozija-se António Gomes, sobretudo ao nível da rega. Os escassos 650 mil metros cúbicos de água que estavam na Barragem da Meimoa antes de chover foram distribuídos pelos cerca de 850 associados, em horários determinados consoante o tamanho dos terrenos. Uma tarefa «muito complicada e dispendiosa» para a associação, que tinha diariamente na rua dois fiscais a contabilizar o tempo de cada associado para regar. «Era para a água dar para todos, senão só regavam alguns», conta o presidente, que anda «contente da vida», sobretudo porque ninguém lhe liga «há uma semana a chatear por causa da calendarização da rega». Por enquanto, a água dos animais está garantida até finais de 2005 e as culturas agrícolas «não necessitam» de rega, pelo que as de Outono/Inverno já podem ser cultivadas. António Gomes recorda que «só pensávamos ter água para mais um mês» até à próxima campanha de rega, mas agora as perspectivas são mais animadoras.

O presidente da Associação de Regantes diz mesmo que se não chovesse «não haveria culturas de regadio» em 2006, uma vez que a água da Barragem da Meimoa era insuficiente para mais uma campanha. E ainda não o é, acrescenta: «Os níveis ainda estão muito baixos. Tem que chover muito acima do que já choveu para se repor a água nas barragens», refere aquele responsável, para quem a Cova da Beira necessita de um Inverno rigoroso. Também Rui Moreira, director da Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI), se mostra mais satisfeito com estas primeiras chuvas, embora estejam «muito longe» de resolver todos os problemas criados pela seca. Ainda assim, o responsável entende que já se podem iniciar as sementeiras e culturas da época, esperando que seja mais produtiva do que a de Primavera/Verão, que teve «muitos» prejuízos. Apesar de bem vinda, a chuva é «ainda muito pouca» e não chega para alimentar as veias de água nem para recarregar os níveis freáticos. Os caudais também continuam baixos e nas bacias de água já se vê algum escorrimento, mas «muito superficial» e só as zonas mais rochosas detém algum caudal, como a Serra da Estrela, o Zêzere e o Côa, mas «não absorvem, escorrem», explica Rui Moreira.

Barragem do Viriato recupera água

A seca prolongada enfraqueceu as reservas da terra, as nascentes e os poços que estão «muito fundos». Embora os animais bebam menos água com a quebra de calor, o director da DRABI assegura que para a agricultura é preciso chover «muito mais», esperançado que São Pedro «nos ajude, senão para o ano estamos muito mal», avisa. Mais optimista está Alçada Rosa. O administrador dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) da Covilhã sublinha que a chuva ainda foi pouca, mas já permitiu a suspensão da saída de água da Barragem do Viriato para abastecimento. «Não gastamos mais água de lá», adianta, dizendo que esta precipitação «é um começo» que leva os SMAS a estarem «mais animados do que na semana passada». É que agora há água na barragem para «resolver qualquer problema que surja». De resto, o administrador espera que São Pedro «continue a portar-se bem» nas próximas semanas.

Rita Lopes

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