A Assembleia Municipal da Guarda chumbou, na semana passada, por maioria, a declaração de interesse municipal para o único edifício projectado pelo arquitecto Raul Lino. A proposta veio do deputado Pereira da Silva (CDS-PP), após ter circulado na Internet uma petição nesse sentido.
Contudo, o assunto foi desvalorizado pelos socialistas, em maioria neste órgão. «Actualmente só temos a memória de um espaço, tudo o que era o conceito de arquitectura de Raul Lino perdeu-se», justificou António Saraiva. Para este deputado, «não faz sentido classificar uns restos de paredes», tendo sublinhado que a eventual classificação poderia contribuir para «manter aquele estado de degradação do imóvel por muito mais tempo». A realização de um fórum da interioridade, para debater os problemas sócio-económicos desta região e as soluções, foi outro dos assuntos em destaque na sessão da última quinta-feira. A sugestão saiu novamente da bancada centrista e mereceu a unanimidade dos deputados. «O objectivo é elaborar uma carta-compromisso, subscrita por todos os partidos, para o futuro deste concelho e distrito», explicitou Álvaro Estêvão.
A maioria socialista foi ainda suficiente para aprovar o relatório de contas da Câmara e a criação de uma Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) para o centro histórico. No primeiro caso, os social-democratas votaram contra, sublinhando que «o valor global da receita decresceu». Ricardo Neves de Sousa perguntou ainda «como é possível ter aumentos de impostos (sobre imóveis) e, no final, termos menos dinheiro» e criticou a baixa execução das Grandes Opções do Plano em 2007, além do crescimento das despesas com pessoal. Segundo o relatório, o município tinham 47,5 milhões euros de dívidas a terceiros, mais 1,3 por cento relativamente a 2006 e mais 15,5 por cento que em 2005. Para Joaquim Valente, o documento «traduz fielmente e sem malabarismos o que foi a actividade da Câmara», destacando o facto do município ter saído da lista negra do endividamento «com o esforço de todos».
