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CHCB não atraiu médicos espanhóis

Recrutamento feito pelo CHCB em Setembro apenas cativou o interesse de dois médicos, quando há a necessidade de recrutar 60 profissionais até 2006

Apenas dois médicos responderam ao convite lançado em Madrid pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) em Setembro passado. Convidado pelo Ilustre Colégio Oficial de Médicos de Madrid, Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do CHCB, deslocou-se à capital espanhola para “recrutar” clínicos não colocados para as unidades hospitalares da Covilhã e do Fundão. Mas apesar de ter saído com uma «boa impressão» da iniciativa, onde estiveram presentes cerca de 40 médicos, os resultados não foram os mais esperados pelo Conselho de Administração.

«Uma coisa é o que nos apercebemos, outra é o que realmente acontece», explica Miguel Castelo Branco, comentando a falta de interesse dos médicos espanhóis que se encontram no desemprego naquela região. Nem mesmo o dossier com informação sobre o hospital, a cidade e a região distribuída aos presentes na acção cativou os médicos para o interior do país. «Provavelmente, arranjaram outras soluções que lhes permitam subsistir na área em que vivem», justifica o presidente do CA do CHCB. O objectivo da contratação de profissionais do “país vizinho” era canalizar especialistas em áreas específicas da saúde que não se encontram disponíveis em Portugal, ou cujos médicos não estão interessados em vir para o interior do país, para além de se verificar uma má distribuição em certas áreas, quer em termos técnicos e absolutos. Nesse sentido, o CA procurava profissionais espanhóis para áreas como a anestesiologia, medicina interna, urologia, neurologia, oncologia, infecciologia, pediatria e anatomia patológica. Serviços essenciais, mas com «carência de médicos» em Portugal face à má distribuição das especialidades que se fez durante anos no passado.

Com a pouca adesão dos médicos espanhóis, Miguel Castelo Branco aponta como solução alternativa a possibilidade de «mudar os clínicos mal distribuídos» para estas áreas. Uma tarefa difícil, pois muitos deles já estão nos quadros médicos e não quererão vir para o interior do país, reconhece. Apesar do “recrutamento” em terras espanholas não ter sido produtivo, Miguel Castelo Branco garante que vai «baixar os braços» para aumentar a capacidade de resposta nas áreas cirúrgicas e ambulatórias, de diagnóstico e melhorar a qualidade de oferta com novos conhecimentos e técnicas cirúrgicas. Até porque o médico já tinha manifestado a “O Interior” a necessidade de contratar 60 médicos até 2006 para manter um bom funcionamento e a qualidade das unidades hospitalares da Covilhã e do Fundão. «Vamos continuar a procurar pelo espaço comunitário», adianta, alertando, no entanto, que «há países que também têm dificuldades na contratação em certas áreas». Nas próximas semanas, o CA deverá pronunciar-se sobre os dois currículos dos médicos espanhóis. «Não é o que precisamos, mas dá para ajudar a compor a equipa médica», admite, pois há áreas que «se equilibram umas às outras». O CHCB deverá ainda receber por estes dias a visita de um médico português que se mostrou interessado em vir trabalhar para a Covilhã, após ter ficado a saber deste recrutamento.

Liliana Correia

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