O plano inicial da reestruturação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) prevê o fecho das agências de Almeida, Teixoso (Covilhã) e Silvares (Fundão). Mas a medida está suspensa até ao final do mês após ter sido contestada por autarcas e populações afetadas.
Tal como aconteceu em Almeida, a autarquia da Covilhã obteve da nova administração do banco público a garantia de que o encerramento do balcão do Teixoso estava suspenso. A decisão surgiu na sequência de uma reunião de Vítor Pereira na semana passada com os responsáveis da Caixa, que terão ainda assumido que o caso vai ser reavaliado no âmbito da reestruturação. «As populações têm de continuar a ter acesso a um banco com as características da CGD», disse o autarca covilhanense, adiantando que a manutenção da agência bancária poderá implicar «que possa funcionar noutros moldes». Vítor Pereira considera que o balcão do Teixoso serve «uma população envelhecida e pouco familiarizada com as novas tecnologias, por isso faz parte do serviço público ir ao encontro das necessidades das pessoas». Segundo o autarca, ficou agendada pra breve uma reunião na Covilhã na qual o administrador da CGD responsável por esta área irá propor uma solução para a dependência do Teixoso.
De resto, perante a contestação política e popular, o plano que António Domingues deixou acordado com Bruxelas já está a ser reavaliado por Paulo Macedo. O objetivo inicial era fechar cerca de 25 por cento dos balcões, passando de 651 para 470 ou 490 daqui a três anos, sendo certo que terão que encerrar 180 balcões até 2020, mas os critérios serão diferentes. O “Expresso” online noticiava na segunda-feira que nenhum concelho vai ficar sem representação do banco público, admitindo-se a presença nas zonas não urbanas do país (ainda que apenas com multibanco). A avaliação está a ser feita sobre que balcões, em concreto, serão encerrados e de que locais o banco público não pode desaparecer.
Segundo o “Expresso”, a preocupação da administração da Caixa passa por assegurar presença em todos os concelhos do país (mas nem sempre nas sedes do município), ao mesmo tempo que procurará não aumentar significativamente a distância dos cidadãos relativamente aos serviços do banco. Nesta reavaliação vão ser tidos em linha de conta critérios como as acessibilidades disponíveis até às agências. Por outro lado, todos os funcionários das agências encerradas serão recolocados, ficando salvaguardados os postos de trabalho. Esta redução de balcões tem sido questionada pelos partidos que suportam o Governo e pelo CDS-PP e foi frontalmente contestada pelo PSD.
Na segunda-feira, o Presidente da República manifestou-se convicto de que a Caixa vai manter presença em todos os concelhos do país e afirmou que essa é uma preocupação do Governo. Também o primeiro-ministro lembrou que «o plano de reestruturação da CGD garante a presença da Caixa em todo o país, em todos os concelhos», mas acrescentou que o Governo não se deve «meter na vida» do banco público. «Tenho a convicção de que se chegará a uma solução que permitirá reduzir a presença da instituição no país, mas mantê-la presente em todo o território português em termos concelhios», declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Lisboa. Por sua vez, o primeiro-ministro declarou: «Nós [Governo], como acionistas, fizemos o que nos competia, que era aprovar os planos de capitalização e de reestruturação e negociar com as instituições europeias a sua viabilidade. Confiamos na Caixa para gerir no dia-a-dia a sua atividade».
Luis Martins