A vila de Gonçalo é conhecida pelos célebres cestos de vime que há muitos anos produz. De acordo com o presidente da Junta de Freguesia, estes artigos vão passar a estar disponíveis em lojas de proximidade da Sonae, o grupo que detém os hipermercados Continente.
Pedro Pires explicou a O INTERIOR que esta parceria surgiu no âmbito de um projeto da Sonae que visa a criação de lojas de proximidade, onde se irão comercializar produtos regionais e artigos típicos de diferentes pontos do país. «Estamos em francas negociações para que possamos equipar um conjunto de estabelecimentos, enviámos ontem [segunda-feira] as últimas amostras e pensamos que em setembro já será possível apetrechar, pelo menos, uma loja», revela. Segundo o autarca, na sequência deste projeto, a Junta de Freguesia e a Câmara da Guarda vão também unir-se para criar uma cooperativa de artesanato, para que exista uma entidade empresarial que coordene e regule a atividade. «Necessitamos de uma estrutura que possa dialogar com outros agentes do mercado», explica. Pedro Pires relembra que a vila já teve uma cooperativa neste setor, mas que acabou por declarar a insolvência nos anos 90, o que fez com que até ao momento «não tivesse havido nenhum tipo de evolução, quer no registo da marca, quer no design ou na busca de novos mercados». É por isso que entende que este «é o momento oportuno» para a sua constituição, especialmente tendo em conta a parceria que se deverá estabelecer com a Sonae.
A nova cooperativa vai contar, numa primeira fase, com o trabalho de cinco artesãos e prevê-se que fique instalada num dos espaços do Centro Cultural de Gonçalo. Ainda que a autarquia guardense e a junta de freguesia participem inicialmente no capital social da coletividade, Pedro Pires ressalva que se pretende que o organismo venha a ter alguma autonomia financeira com o avançar do tempo. «O objetivo é que, num futuro próximo, a Junta e a Câmara diminuam a sua função em termos de participação financeira e passem gradualmente esse papel para os sócios», explica. Dentro da cooperativa, os artesãos terão também a oportunidade de trabalhar na produção dos artigos que serão comercializados nas lojas Sonae.
O autarca espera que, já na próxima semana, haja algumas certezas sobre a concretização do negócio com o grupo empresarial. «Se chegarmos a acordo, como penso que vamos chegar, a perspetiva é a de que possamos equipar numa fase inicial três lojas, com cerca de 50 cestos diferentes e, à medida que for necessário, vamos fornecendo mais», esclarece. Na sua opinião, este é um passo de grande importância para a freguesia, sobretudo «porque num momento tão difícil como o que nós vivemos, é fundamental ter a possibilidade de produzir e criar riqueza». No que diz respeito a possíveis postos de trabalho, o responsável é cauteloso e assume que ainda é cedo para prever esse futuro, mas garante que será sobretudo «uma boa oportunidade» para quem já trabalha na área». «Os artesãos podem ganhar aqui um fôlego maior num período de menores encomendas», conclui.
Catarina Pinto