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Centro escolar contra o despovoamento do Vale do Mondego

Joaquim Valente considera que novo equipamento «abrange realidades geográficas com algo em comum e não promove o desenraizamento dos alunos»

A Guarda assinalou 811 anos de existência com a inauguração do centro escolar do Vale do Mondego, na freguesia do Porto da Carne. É o segundo do género num município que quer contrariar o despovoamento das suas aldeias dando melhores condições de estudo às crianças.

«O espaço rural perdeu vida nas últimas décadas e há menos alunos nas escolas. Não era mais possível admitir que um número escasso de crianças pudesse ter, em cada aldeia, um crescimento saudável, pluridisciplinar e integrador», disse o presidente do município. Para Joaquim Valente, a construção deste centro escolar, que custou 1,4 milhões de euros, é também «o modelo da coesão territorial, pois a zona escolhida abrange realidades geográficas com algo em comum e não promove o desenraizamento dos alunos». Neste caso, o equipamento vai acolher as crianças do pré-escolar (75) e do primeiro ciclo do ensino básico (100) das freguesias de Porto da Carne, Mizarela, Cavadoude, Aldeia Viçosa, Vila Cortês, Pêro Soares e Vila Soeiro. Com a sua entrada em funcionamento, fecham as escolas e jardins-de-infância de Aldeia Viçosa, Cavadoude e Vila Cortês do Mondego.

«Um centro escolar com estas condições é tão importante como ter, a poucos quilómetros daqui, uma unidade industrial que se ampliou e vai criar novos postos de trabalho», acrescentou o edil, aludindo à fábrica da DURA Automotive. Mas os próximos tempos serão difíceis, admitiu Joaquim Valente: «Sabemos o impacto económico e social que vai ter o encerramento da maior unidade industrial do concelho [a Delphi, no final de Dezembro]. Estamos a fazer tudo para que outros ramos de produção se instalem, mas não podemos ignorar o choque imediato desta decisão, que nos ultrapassou», assumiu, reclamando uma reorganização da rede de assistência social para dar resposta «a estas novas necessidades». No Dia da Cidade, o edil também não se esqueceu de reivindicar mais regimes de excepção para residentes e empresas nas portagens anunciadas para a A25 e A23, assim como «medidas discriminatórias que reduzam a nossa factura doméstica».

Quanto à crise, Joaquim Valente recusa que seja novamente o interior a pagar a factura. «O esforço é de todos, mas nem sempre é igual para todos. Para nós, habitantes do interior, que décadas de políticas mal conduzidas tornaram distante e periférico, há muito que o esforço é a dobrar. Tudo nos custa mais a conseguir, porque somos poucos e nem sempre soubemos estar unidos», lamentou. Por sua vez, o Governador Civil pegou no exemplo do centro escolar para referir que «já não é possível ter tudo em todo o lado» e pedir a união entre freguesias, isto para reforçar «a unidade concelhia». A esse propósito, Santinho Pacheco não esqueceu a regionalização que se anuncia, avisando que neste processo o distrito tem que se apresentar com «uma enorme unidade» em torno da Guarda. «Todos beneficiamos com uma grande capital, desenvolvida e moderna», declarou. Nesse sentido, aproveitou a cerimónia para pedir «um pouco mais» de auto-estima aos guardenses. «Faz bem a todos, pois não temos que andar constantemente a denegrir a nossa imagem e as nossas qualidades», declarou.

Luis Martins Presidente inaugurou mural com azulejos pintados pelos alunos

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