O eventual encerramento de seis das sete extensões de saúde existentes no concelho de Belmonte poderá colocar em risco o funcionamento do Centro de Saúde local. O alerta foi deixado na última Assembleia Municipal, na passada sexta-feira, onde foram aprovadas, por unanimidade, duas moções contra essa pretensão e que, pelo contrário, reclamam a melhoria das condições na área da saúde.
Os deputados municipais recriminaram a situação, considerando mesmo que a medida poderá contribuir para a desertificação do concelho e colocar em causa a prestação dos cuidados de saúde à população. É que se o Governo mantiver a intenção de fechar as extensões com menos de 1.350 utentes, apenas o posto de Caria continuará em funcionamento. Os restantes, existentes no Carvalhal Formoso, Inguias, Colmeal da Torre, Maçaínhas, Gaia e Monte do Bispo, poderão ter os dias contados. Uma situação que «prejudicará em muito» o Centro de Saúde de Belmonte, admite Manuel Geraldes, director da unidade e presidente da Assembleia Municipal, pois irá «obrigar a uma planificação diferente de todos os cuidados de saúde no concelho e a uma reorganização do centro». Algo que poderá trazer problemas, já que que há poucos enfermeiros num centro de saúde que atende cerca de oito mil utentes. Por isso, o médico considera que as forças políticas e sociais do concelho devem «envidar esforços para evitar o eventual fecho e dialogarem no sentido de encontrarem novas alternativas». Uma das soluções apontadas por Manuel Geraldes é a criação de uma Unidade de Saúde Familiar, que pressupõe a disponibilização de um conjunto de médicos, enfermeiros e administrativos para prestarem cuidados de saúde globais a um determinado grupo populacional.
A ideia passa por reunir nesta Unidade de Saúde Familiar, por exemplo, várias valências como cuidados continuados ou unidades contra o tabagismo e alcoolismo. A promoção de cursos de formação para enfermeiros, alunos da Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior e de médicos de internato é outra valência que poderá ser incluída nesta solução, até porque o centro de saúde já tem um núcleo de formação com os estudantes de Medicina. Para já, trata-se apenas de «um sonho», esclarece o director da unidade belmontense, sem esconder, no entanto, que há vontade de o concretizar. «Estamos a trabalhar seriamente nele. Não apresentámos ainda um projecto, porque será necessário haver diálogo entre as várias forças políticas e sociais do concelho», refere. Entretanto, o Centro de Saúde está em negociações para abrir uma Unidade de Cuidados Continuados, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia local, e para a qual já existem 18 camas. A viabilidade do projecto esteve, ontem, em discussão numa reunião com a direcção do Centro Hospitalar da Cova da Beira.
Liliana Correia