Arquivo

Centro de Alto Rendimento do Pocinho brilha na Europa

Projeto de Álvaro Fernandes Andrade é pré-finalista do Mies van der Rohe, o mais importante prémio europeu para a arquitetura contemporânea

Ainda não está a funcionar, mas o Centro de Remo de Alto Rendimento do Pocinho tem dado muito que falar e sempre por boas razões, a última das quais é ter sido pré-selecionado para o Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2015.

«É uma boa notícia para o concelho. Seria ouro sobre azul se passasse a finalista porque o Centro de Remo é outra forma de promover o concelho», refere o presidente do município. Gustavo Duarte garante mesmo que «muitos turistas vêm a Foz Côa só para visitar esse equipamento», pelo que o complexo desenhado pelo arquiteto Álvaro Fernandes Andrade (SpacialAr-TE) é «mais uma referência contemporânea para este concelho». O projeto tem sido muito elogiado pela crítica especializada sobretudo pela perfeita integração do complexo na paisagem dos socalcos durienses. Para tal, os projetistas criaram um edifício que reinterpreta essa paisagem e as suas preexistências introduzidas pelo homem ao longo dos séculos no vale do Douro, tendo tido como objetivo não impactar com volumetrias exageradas na serenidade do lugar.

O resultado foi um edifício com três blocos funcionais (social, residencial e de treino), interligados por uma rede de escadarias, rampas e muros que os conduzem até ao rio e onde as deslocações foram minimizadas. Em consequência, o conjunto tem uma funcionalidade ímpar, sendo que as zonas coletivas de permanência, descanso e relaxamento se situam nas cotas altas enquanto as de treino e esforço estão mais recatadas. O empreendimento resulta de uma parceria da autarquia com a Secretaria de Estado do Desporto, com a colaboração da Federação Portuguesa de Remo, e tinha um custo inicial de mais de 6,5 milhões de euros, comparticipados em 85 por cento pelo POVT (Programa Operacional Temático de Valorização do Território), ainda com verbas do QREN.

O Centro possui 86 quartos e terá capacidade para acolher 180 atletas, que terão à sua disposição uma zona de treino, piscina coberta, ginásio, cantina e uma zona social. De acordo com a Comissão Europeia, entre os 40 candidatos selecionados há outro projeto português, o Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande, nos Açores, um trabalho em coautoria do arquiteto João Mendes Ribeiro e do gabinete Menos é Mais Arquitetos (Francisco Vieira de Campos e Cristina Guedes). Estas obras foram escolhidas por um júri presidido pelo arquiteto italiano Cino Zucchi e vão agora ser submetidas a uma nova seleção para apurar cinco finalistas, que serão divulgados no final deste mês, em Londres, sendo o vencedor do prémio anunciado a 8 de maio, em Barcelona.

O Prémio Mies van der Rohe foi lançado em 1987, numa parceria da Fundação Mies van der Rohe com a Comissão Europeia, e é considerado o mais importante prémio europeu para a arquitetura. Em 1988, no primeiro ano de atribuição, o galardão foi entregue a Álvaro Siza pelo edifício do antigo Banco Borges & Irmão, em Vila do Conde.

Luis Martins Crítica especializada tem elogiado a integração do complexo na paisagem dos socalcos durienses

Sobre o autor

Leave a Reply