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Centro comercial entregue à TCN

Empresa holandesa especializada vai investir 30 milhões na zona do mercado municipal

A Guarda vai ter um centro comercial na zona do mercado municipal, mas não aquele que todos esperavam. A “sorte grande” saiu a um projecto da Tramcrone – Projectos Imobiliários SA e da holandesa TCN (braço europeu de uma companhia americana), que ultrapassou a concorrência da Martifer, o promotor mais bem posicionado até há duas semanas. A Câmara já decidiu e na última reunião do executivo aprovou, por unanimidade, a localização do futuro “shopping”, o seu estudo preliminar e os moldes em que o projecto vai ser concretizado. Os vereadores puderam mesmo ver como vai ficar a área daqui por dois anos.

O objectivo é começar a obra ainda este ano, já que a sua candidatura à Direcção-Geral de Economia deverá ser entregue este mês, para que possa estar pronto em 2008. O consórcio pretende investir cerca de 30 milhões de euros num projecto da autoria de Capinha Lopes, arquitecto de renome nesta área que idealizou, entre outros, o “Freeport” de Alcochete. O empreendimento contempla 50 lojas, um hipermercado, salas de cinemas, área de restauração e de habitação, bem como mil lugares de estacionamento. Já o mercado municipal ficará integrado no edifício, enquanto a central de camionagem vai ser transformada num inter-modal com cais de embarque. Tudo em cinco pisos. Os investidores comprometem-se ainda a construir um parque de estacionamento de autocarros junto à Viceg, a circular da cidade. Duas soluções que agradaram ao executivo, para além das condições do negócio: «Esta proposta foi a melhor para a Câmara e os interesses da cidade», garante o presidente. Joaquim Valente realça a qualidade da intervenção arquitectónica apresentada, mas sobretudo as contrapartidas conseguidas. «Vai ser um marco de modernidade no espaço urbano da Guarda», acredita, classificando de «degradadas e degradantes» as actuais instalações do mercado e central de camionagem.

O edil defende mesmo que o espaço urbano tem que ser revitalizado «à custa de parcerias público-privadas», sendo que esta primeira intervenção é «o ponto de partida para a cidade do futuro que idealizámos». A novidade deste pré-acordo, pois ainda carece da autorização da Assembleia Municipal, reside na constituição de uma sociedade de capitais mistos para gerir o espaço. A autarquia assume 10 por cento de um capital social de 50 mil euros em troca do terreno, avaliado em 4 milhões de euros: «Mas será ressarcida desse valor com o novo mercado, a central de camionagem, uma grande área requalificada e também algum lucro», garante. O autarca explicou ainda que o projecto do “Guarda Plaza” foi «chumbado» por não corresponder «aos interesses» da Câmara, nomeadamente nos seus contributos para a requalificação urbana. «Sempre defendemos um projecto que contribuísse para a revitalização urbana da cidade, sendo um pólo catalizador da própria cidade e não drenante. A nossa opção foi construir um equipamento destes o mais próximo possível do centro e acho que o conseguimos», disse, realçando que terem sido consultados seis promotores, mas que apenas dois apresentaram projectos, tendo a Câmara escolhido o da TCN.

Por outro lado, os direitos dos comerciantes instalados naqueles dois equipamentos vão ser salvaguardados. «Queremos beneficiá-los com esta obra, pelo efeito catalizador do novo “shopping”», refere. Apanhada de surpresa, a oposição também se rendeu à proposta da TCN. José Gomes e os restantes vereadores do PSD só foram confrontado com os termos do negócio e as características do centro comercial na reunião da semana passada. Mesmo assim, «a estratégia global apresentada parece-nos correcta e como tal mereceu o nosso apoio, porque prevê a recuperação da central de camionagem e do mercado municipal. Vamos criar um novo pólo urbano dentro da cidade e não novos pólos fora da malha urbana», enalteceu o engenheiro.

Luis Martins

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