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Centro comercial em consulta pública

Presidente da Câmara da Guarda vai criar comissão de acompanhamento do processo para evitar dúvidas e suspeições

A Câmara da Guarda vai criar uma comissão de acompanhamento do processo do futuro centro comercial previsto para a zona do mercado municipal. A intenção foi anunciada por Joaquim Valente na última reunião do executivo, na segunda-feira, que não quer ver repetidas as suspeitas e dúvidas levantadas na Assembleia Municipal. O organismo vai integrar elementos de todos os partidos com assento naquele órgão fiscalizador, para além de representantes dos comerciantes do mercado municipal e das empresas rodoviárias que utilizam a central de camionagem. «O centro comercial vai fazer-se com a opinião de todos os interessados, ninguém ficará excluído desta discussão», prometeu o autarca.

O assunto voltou à baila quando José Gomes solicitou o esclarecimento de um parágrafo do contrato a celebrar com a TCN. O vereador quis saber se a diferença de montantes a suportar pelo permutante de menor valor – neste caso, a autarquia – seria pago em dinheiro e se a Câmara estava precavida quanto a essa possibilidade. Em causa estão cerca de dois milhões de euros, que resultam da cedência do terreno, avaliado em 4 milhões, em troca de novos equipamentos estimados pela construtora em 6 milhões. Nada disso, sustentou o autarca, garantindo que a Câmara cede o terreno, vai receber imóveis e «não tem mais nada para pagar, muito menos em dinheiro ou géneros». Uma explicação que tranquilizou José Gomes, que reiterou que os vereadores do PSD não têm dúvidas quanto ao processo de escolha da empresa do futuro centro comercial. «Não houve qualquer alteração do nosso pensamento por causa da AM», disse, lembrando terem ficado esclarecidos quando o projecto foi levado à reunião de Câmara. Entretanto, o pedido de autorização de instalação do centro comercial, denominado “Guarda Mall”, já está em consulta pública na Direcção Regional de Economia do Centro por 45 dias. A requerente chama-se “Dabih – Compra e Venda de Imóveis para Revenda, S.A.”.

Na mesma reunião, o executivo apreciou ainda o plano de trânsito do “Guarda Shopping”, idealizado para a Avenida dos Bombeiros, estando prevista uma alteração significativa do sentido viário na envolvente ao complexo a construir pela empresa imobiliária guardense Monteiro de Andrade. Tudo indica que o empreendimento possa arrancar este ano para estar pronto em finais de 2008. Estão previstos cerca de 500 lugares de estacionamento, três salas de cinema, 60 lojas, uma média superfície e várias unidades de restauração. Pela mesma altura deverá também estar concluído o investimento dos holandeses da TCN, que pretendem aplicar cerca de 30 milhões de euros. Para a zona do mercado municipal estão previstas 50 lojas, um hipermercado, salas de cinemas, área de restauração e de habitação, bem como mil lugares de estacionamento. O mercado ficará integrado no moderno edifício idealizado por Capinha Lopes, enquanto a central de camionagem vai ser transformada num inter-modal com cais de embarque. Tudo em cinco pisos.

Parecer da CCDRC autoriza regresso do advogado Álvaro Guerreiro

Outro assunto que marcou a reunião do executivo foi um parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC) sobre o regresso de Álvaro Guerreiro como advogado da Câmara da Guarda. O tema foi abordado antes do período da ordem do dia. Joaquim Valente apresentou o parecer favorável à continuidade da avença, com a CCDRC a argumentar que a prestação de serviço foi suspensa devido ao facto de Álvaro Guerreiro ter sido candidato à autarquia e que o advogado tem agora «toda a legitimidade» para requerer o reinício das funções de consultor jurídico. A par da actualização da respectiva avença para 300 euros mensais. Os vereadores do PSD analisaram o documento e nada disseram, o que pode significar a “porta aberta” para o regresso do antigo presidente, mas como jurista. Álvaro Guerreiro exerceu assessoria entre 1983 e 1998, altura em que cessou a actividade por ter sido eleito para a vereação nas autárquicas de 1997. Para o seu lugar foi contratado o advogado Ângelo Saraiva. Em 2004, a Câmara abriu um concurso público para o lugar a que concorreram dois juristas.

Luis Martins

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