Parece estranha esta imensa necessidade que as cidades têm em ter um “shopping”. Parece que se não houver “shopping” jamais o progresso chegará à província. Não sendo, por princípio, contra a instalação de grandes superfícies comerciais, parece-me desajustada a sua construção na Guarda. Motivos? Vários. O “shopping” levará, naturalmente, à morte da zona comercial do centro da cidade. Vai dar-se uma ainda maior desertificação do centro.
Uma outra razão é a falta de competitividade regional, já para não dizer nacional, que o centro comercial irá ter. A realizar-se, o “shopping” não se poderá assumir como principal referência da região, até porque a abertura destes espaços comerciais prolifera por todas as cidades do país. Veja-se o exemplo de Vila Real. Aquele que seria o “shopping” de Trás-os-Montes e parte da Beira Interior rapidamente se transformou no “shopping” de Vila Real com o surgir do de Bragança, Chaves, etc. Teremos então de nos mentalizar que será uma obra para os egitanienses e não criar expectativas desmesuradas até porque temos concorrência demasiado forte a uma hora de distância (Salamanca). Os 2.100 postos de trabalho que se diz que vai criar parecem simples fruto da imaginação de quem o refere e torna-se num mau sinal para o desenvolvimento que se quer para a região. A criação destes postos de trabalho não poderá ser vista como uma alternativa à redução de postos de trabalho da Delphi. A troca de serviços entre egitanienses não pode ser comparável ao desenvolvimento produtivo para exportação. Um dia reflectiremos sobre este assunto.
Que vantagem pode ter a criação de um “shopping” na Guarda? Obrigar o comércio tradicional a modernizar-se e a trabalhar em conjunto. Receio mesmo assim que a concorrência seja demasiado forte. (…).
Pedro Santos, engenheiro, carta recebida por e-mail