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Cenas surreais

Pois, Pois

PSD da Guarda. Um jantar em Santana d’ Azinha com 30 militantes, muitos dos quais ex-destacados dirigentes do partido, desencadeou um sismo político. Ana Manso, que não esteve presente no repasto, parece não ter gostado da dita confraternização. Vai daí, Carlos Gonçalves, sob a orientação da líder, recolheu, num raide matinal, assinaturas de demissão de elementos da comissão política com o objectivo de marcar eleições antecipadas para a concelhia – passam de Setembro para 15 de Fevereiro. Ana Manso, numa “operação relâmpago”, ter-se-á encarregado de ela própria levar a convocatória a Lisboa a fim de ser publicada no jornal oficial do partido, o Povo Livre. No meio desta balbúrdia, emerge a figura de Rui Quinaz. O ainda presidente do órgão, que era um dos comensais, considera ilegal a “operação choque” levada a cabo por Manso e companhia e, pelos vistos, não se conforma.

Perante este cenário surreal, que dizer? Primeiro, o que já se entrevia ficou agora escancarado: há muita gente no PSD que não vai à bola com a actual líder e vice-versa – mas, pronto, isso até é uma situação normal: os maiores ódios políticos sempre viveram dentro de cada partido. Segundo, e mais importante, Ana Manso é uma má política. Das duas uma: se quer ser candidata à câmara, criou um conflito estúpido que lhe vai custar a perda de apoios importantes e, por consequência, alienou qualquer hipótese de chegar à presidência do município; se não quer ser candidata, é completamente irresponsável na gestão do partido.

O PSD só tem uma saída: arranjar um candidato à câmara que tenha currículo, credibilidade, projecção social e que esteja acima destas trocas e baldrocas que dão a tal “má imagem” do partido de que se queixam vários militantes.

Uma nova era na Associação Comercial da Guarda (ACG). Jorge Godinho está à frente da instituição há seis anos. “Foram anos desgraçados”, a acreditar nas suas próprias palavras. Eu acredito. Pelo menos não conheço ninguém na cidade que se atreva a desmenti-lo. Mesmo assim, Godinho mantém-se impávido e sereno. Na sua opinião, o principal culpado de toda esta desgraça não é, evidentemente, ele.Quem haveria de ser? A câmara, pois claro, que não soube apoiar devidamente a instituição a que preside. Não espanta por isso que já tenha avisado os comerciantes que não lhes pode encher as caixas registadoras de dinheiro. Pudera! Pois se até os cofres da ACG estão, ao que consta, num estado desgraçado. Mas agora tudo vai mudar. Vem aí uma nova era. A revelação foi feita há cerca de um mês no Hotel Turismo. O homem confessa que a ACG tem pensado mais na Guarda do que nos seus associados – por uma vez, não se pode acusá-lo de falta de autocrítica. Mas agora tudo vai mudar, garante. Vá lá, percebeu finalmente, ao fim de seis anos, qual é a sua verdadeira função. Mais vale tarde do que nunca.

Godinho, sempre intransigente na defesa dos pequenos comerciantes, já manifestou o seu desagrado pelo projecto de um centro comercial na Guarda situado na Av. dos Bombeiros. Neste caso, não concordo com os argumentos do senhor presidente. Então um centro comercial no centro da cidade não irá atrair maiores fluxos de pessoas, beneficiando desta forma todo o restante comércio? E o que é que impede os comerciantes locais de tentarem ficar com algumas das mais de 50 lojas do futuro espaço comercial? Podem ganhar todos, a começar, obviamente, pelos consumidores.

Mas, está bem, agora tudo vai mudar. Só falta ao senhor Godinho lembrar-se de um pequeno pormenor: convinha, antes de mais, que ele mudasse também.

Por: José Carlos Alexandre

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