Arquivo

CE mais pessimista que Governo sobre evolução da economia

A Comissão Europeia anunciou hoje que mantém as suas previsões para a evolução da economia portuguesa, ou seja, uma contração de 3,3 por cento este ano e crescimento de 0,3 por cento em 2013.

Os números das previsões de primavera da Comissão, idênticos aos da última revisão do memorando de entendimento entre Portugal e a “troika”, são mais pessimistas que os apresentados este mês pelo Governo no seu Documento de Estratégia Orçamental (DEO). O Executivo espera que o Produto Interno Bruto (PIB) diminua 3 por cento em 2012 e aumente 0,6 por cento no próximo ano. A Comissão também prevê que a taxa de desemprego (na definição do Eurostat) alcance este ano os 15,5 por cento, enquanto o Governo apenas prevê uma taxa de 14,5 por cento.

Em matéria orçamental, a Comissão prevê um défice de 4,7 por cento do PIB, duas décimas acima da meta de 4,5 por cento a que o Governo está comprometido com a “troika”. Este agravamento está relacionado com a composição dos fatores do crescimento económico. A Comissão ajustou as suas projeções no sentido de um contributo superior do comércio internacional, e de uma redução do contributo do consumo privado (que deverá diminuir 6 por cento este ano). Como a redução do défice se baseava em grande medida em impostos sobre o consumo, a Comissão espera uma derrapagem do lado orçamental.

A Comissão espera agora um crescimento das exportações ligeiramente mais forte que nas suas projeções do mês passado (mais 2,5 por cento), ainda assim uma desaceleração significativa relativamente ao ano anterior (em que as exportações aumentaram 7,4 por cento). Para 2013, a Comissão espera que «o motor do crescimento seja novamente as exportações, graças ao fortalecimento da economia da União Europeia e à melhoria da competitividade pelos preços através da continuação da restrição salarial».

Bruxelas tem esperanças de que «o progresso continuado» na aplicação do memorando de entendimento com a “troika” possa «reforçar a confiança dos investidores», resultando numa redução dos juros da dívida soberana e na atração de investimento estrangeiro.

No entanto, nota ainda a Comissão, «as condições de financiamento continuam restritivas», com a banca a conceder cada vez menos crédito às empresas. A redução do PIB português prevista por Bruxelas para este ano é a mais acentuada em toda a Europa, com exceção da Grécia, onde o PIB deverá cair mais 4,7 por cento.

Sobre o autor

Leave a Reply