A concelhia do CDS-PP da Guarda pediu segunda-feira a demissão do delegado distrital do partido face aos resultados obtidos no distrito nas últimas legislativas. «Foram os piores de sempre, pois nunca antes tinha acontecido termos uma votação inferior à média nacional. Não vejo onde se pode dizer que foram bons», acusou Joaquim Canotilho, líder daquela estrutura, numa conferência de imprensa em que participaram também João Pissarra e António Júlio, outros elementos da concelhia.
O CDS obteve a 20 de Fevereiro último 6,9 por cento dos votos, mas perdeu mais de 2.500 eleitores comparativamente ao escrutínio de 2002. Aguiar da Beira (10 por cento), Almeida (8,8), Mêda (9,6), Pinhel (8,1) e Sabugal (9) são os concelhos onde os populares obtêm melhor votação. Inversamente, Figueira de Castelo Rodrigo (4,7) e Manteigas (4,6) são os piores. Resultados que não agradaram a Canotilho, para quem chegou o momento do partido ter um líder «a sério» no distrito. «O delegado distrital só serve para organizar eleições nas estruturas locais. Ele nunca foi eleito, mas continua à frente do CDS após quatro derrotas consecutivas. Eu não entendo esse apego ao cargo», diz o presidente da concelhia, sublinhando que este não é o seu CDS, «o de antigamente, quando as bases eram ouvidas». Joaquim Canotilho também acusa a direcção nacional de ter mantido a concelhia guardense num «limbo» com o caso do pedido de impugnação, cujos prazos «já estão há muito ultrapassados e caducados».
E avisa que a estrutura da Guarda não vai abdicar de se pronunciar sobre o candidato do CDS-PP à Câmara da Guarda. Em último caso, «vamos partir sozinhos e mostrar o nosso projecto», adianta, admitindo poder ser um possível candidato. No entanto, este será «sempre escolhido pelos militantes do concelho e não pelo delegado distrital ou pelo partido em Lisboa». O líder da concelhia acredita ser tempo de «devolver o partido às pessoas de antigamente ou a gente com disponibilidade e motivação», mas acha que perdeu um «excelente» elemento. Trata-se de Henrique Monteiro, que «já esteve disponível e agora não está por motivos profissionais», lamenta.