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CDS-PP com futuro incerto na Guarda

Joaquim Canotilho pediu a demissão de todos os cargos e abandonou militância

O regresso de Paulo Portas à liderança do CDS-PP provocou mexidas nas estruturas concelhias do partido na Guarda. Tal como tinha prometido caso Ribeiro e Castro perdesse as directas do último sábado, Joaquim Canotilho demitiu-se da presidência da concelhia, além de ter deixado o lugar de deputado na Assembleia Municipal (AM) e pedido ainda a sua desfiliação. Também Álvaro Estêvão não ficou agradado com a mudança de presidente, tendo apresentado de imediato a demissão de delegado distrital.

Joaquim Canotilho sublinha que «não se trata de não aceitar os resultados. Não estou é para fazer parte de um partido onde se praticam este tipo de atropelos», afirma, frisando que «nunca» viveu da política. Assumindo sair do CDS «com pena», o engenheiro, que também deixou o cargo de conselheiro nacional do partido, garante que «se a tomada do poder por parte de Paulo Portas tivesse sido feita com o respeito das regras do jogo, é óbvio que poderia abandonar a concelhia mas nunca abandonaria o partido». Militante durante 25 anos, afirma em tom crítico que a chegada de Portas ao partido foi «um ataque para alguns tratarem da sua “vidinha”», sublinhando que não pode «pactuar com “seitas”» e ocupar «o mesmo espaço» que os apoiantes do novo presidente. De resto, adianta ter recebido uma carta de Ribeiro e Castro na última terça-feira, onde o presidente cessante lamentou o seu abandono do partido. Joaquim Canotilho afirma que poderia ter ficado na AM, «como independente», mas como se candidatou pelo CDS-PP entendeu que não o devia fazer. Sobre um eventual regresso ao partido, não fecha a porta de vez: «Nada tenho contra o CDS de Ribeiro Castro», esclarece.

Ao pedir a demissão de presidente da concelhia, terão agora que ser convocadas novas eleições para aquela estrutura, uma vez que os estatutos não permitem que nenhum dos restantes membros da comissão política avancem para o lugar. E não deverá ser fácil surgirem interessados em assumir a presidência da concelhia da Guarda do CDS. Esta é, pelo menos, a convicção de Álvaro Estêvão, que presume «não ser muito fácil» haver candidatos ao cargo. «Ainda por cima, neste momento o partido não está no poder e é muito mais difícil quando não há contrapartidas», sublinha. Deste modo, e adiantando que também já enviou ao recém-eleito presidente uma carta de demissão do cargo de delegado distrital, olha para o futuro do partido na Guarda com «alguma apreensão». «Até pelo passado, onde Portas, para além de não nos ter ajudado, também obstaculizou a dinâmica da concelhia», recorda, realçando que «o partido tem que ter bases e não pode ter só meia-dúzia de indivíduos a dizerem “Amen” a tudo o que o líder diz». Ainda assim, «em princípio», Álvaro Estêvão deverá continuar na AM, ao lado de Pereira da Silva e Luís Vasco, que deverá regressar às funções que tinha suspendido para dar o lugar a Joaquim Canotilho.

Apesar de apenas ter ganho no distrito de Viana do Castelo, Ribeiro e Castro conseguiu a sua segunda melhor votação na Guarda com 48,8 por cento dos votos.

Ricardo Cordeiro

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