O cabeça de lista do CDS-PP pela Guarda garante não haver «nenhuma responsabilidade subjectiva» a retirar do resultado conseguido no domingo, pelo que ainda não quer falar em abandonar o lugar de delegado distrital. Numa sede praticamente deserta, João Caramelo, apenas acompanhado de António Carlos Pina e Eduardo Magro dos Reis, também elementos da lista, confirmou que os números foram «inferiores às legítimas expectativas» do CDS, mas ressalvou que o partido está na Guarda «na média nacional e claramente acima dos resultados da maioria dos distritos». Magra consolação para quem queria aumentar a votação e “roubar” um deputado ao PS.
Os centristas continuam a ser a força política mais votada no distrito, com 6,9 por cento dos sufrágios, mas perderam nestas legislativas mais de 2.500 eleitores comparativamente ao escrutínio de 2002. «Os números não são aqueles que o CDS estaria à espera, mas não deslustram em nada o resultado obtido pelo CDS a nível nacional», considerou João Caramelo, para quem a descida do partido no distrito é «bem inferior» à verificada noutros pontos do país. Aguiar da Beira (10 por cento), Almeida (8,8), Mêda (9,6), Pinhel (8,1) e Sabugal (9) são os concelhos onde os populares obtêm melhor votação. Inversamente, Figueira de Castelo Rodrigo (4,7) e Manteigas (4,6) são os piores. O cabeça de lista admite que o resultado obtido é «consequência necessária e directa» da acção governativa, «sobretudo nos últimos seis meses», e que o CDS foi «tão sancionado» quanto o PSD. «Mas, pelos vistos só nós é que perdemos», acrescentou, numa alusão ao discurso quase vitorioso de Ana Manso. Menos irónico, o candidato prefere não falar muito sobre o envolvimento de alguns militantes centristas mais proeminentes nesta campanha, mas lá vai dizendo que participou quem teve «vontade e interesse» em ajudar.
João Caramelo, que em Janeiro tinha dito não se sentir representado no Parlamento ao longo dos últimos anos pelos deputados eleitos pelo distrito, mantém o mesmo cepticismo em relação a Pina Moura, Fernando Cabral (ambos do PS), Ana Manso e Miguel Frasquilho (PSD). «Vamos ver se se mantém esta convicção daqui a quatro anos», avisa, esperando que o novo Governo PS aproveite uma das propostas dos candidatos do CDS pelos círculos de Castelo Branco, Guarda, Viseu e Vila Real, que defende a criação de uma secretaria de Estado dos Assuntos do Interior.