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Cavaco pede aos políticos que se entendam

No discurso do 10 de junho o Presidente da República apelou a um entendimento partidário de «médio prazo» e elogiou o «extraordinário sentido de responsabilidade» dos portugueses

Em 2014, «conquistámos o direito a ter esperança», afirmou Cavaco Silva na sessão solene do Dia de Portugal, celebrado este ano na Guarda. No grande auditório do TMG, o Presidente da República apelou a um entendimento partidário de «médio prazo» e elogiou o «extraordinário sentido de responsabilidade» dos portugueses cujos «sacrifícios» permitiram ultrapassar «a maior crise» da nossa História recente.

«Numa conjuntura internacional adversa, tínhamos chegado a um tempo em que não era mais possível iludir o inadiável. Vivemos uma situação de emergência nacional que exigiu dos portugueses um extraordinário sentido de responsabilidade»», reconheceu o chefe de Estado. Cavaco Silva lembrou que nestes últimos três anos o «caminho foi duro» e que os portugueses viveram «tempos difíceis», mas que «não perderam a coragem da esperança e a vontade de triunfar». Agora, ultrapassada a «fase crítica» que o país viveu, «devemos permanecer atentos e vigilantes» quanto à disciplina das contas públicas e ao controlo do endividamento externo. «Os portugueses desejam que o seu país nunca mais venha a encontrar-se numa situação semelhante àquela a que chegou em maio de 2011», declarou o presidente, que pediu, por isso, uma «conduta esclarecida e responsável» aos políticos que vá «ao encontro das legítimas aspirações de progresso e de bem-estar do nosso povo».

No seu discurso, o Presidente da República considerou que o país deve olhar o futuro «com mais confiança», mas sem «triunfalismos ou ilusões», até porque será preciso tomar «decisões difíceis» nos próximos tempos. «Mas se as forças políticas revelarem o mesmo espírito patriótico demonstrado pelo nosso povo, tais decisões poderão ser tomadas num ambiente de maior serenidade e confiança», acrescentou Cavaco Silva, para quem, ultrapassado o período de emergência económica, devem ser corrigidas «algumas injustiças». E como «prioridade nacional» apontou a criação de emprego e o «direito à esperança dos jovens», mas também o direito de reformados e pensionistas voltarem «a ter condições que lhes permitam viver para além da mera subsistência», afirmou.

Nesta «nova fase da vida nacional», Cavaco Silva apontou como prioridades do país o desenvolvimento da escola e do ensino, bem como a prestação de cuidados de saúde de qualidade e uma justiça «mais célere e eficaz». Para tal, apelou a «uma cultura de compromisso» entre as principais forças políticas, pois «adiar por mais tempo um entendimento de médio prazo sobre uma trajetória de sustentabilidade da dívida pública e sobre as reformas indispensáveis ao reforço da competitividade da economia é um risco pelo qual os portugueses poderão vir a pagar um preço muito elevado». Nesse sentido, o chefe de Estado sugeriu aos líderes partidários que aproveitem o tempo que falta até à discussão do próximo Orçamento de Estado para o diálogo e caminharem «no sentido da concretização do direito à esperança dos portugueses, num perspetiva temporal para além das vicissitudes partidárias ou de calendários eleitorais».

Luis Martins

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