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Carta de Pêro Vaz de Caminha exposta em Belmonte

Tem uma oportunidade única para ver, em Belmonte, um dos documentos históricos mais relevantes dos Descobrimentos portugueses. A “Carta a El-Rei Dom Manoel sobre o Achamento do Brasil”, de Pêro Vaz de Caminha, está patente desde anteontem na Sala Pedro Álvares Cabral, no castelo, e pode ser vista até 26 de outubro.

A inauguração desta exposição foi um dos pontos altos das comemorações do Dia do Concelho pois a Carta é um documento classificado, de valor inestimável, inscrito pela UNESCO no Registo da Memória do Mundo, que nunca foi exposto ao público em Portugal fora da Torre do Tombo. Dali apenas saiu para as comemorações do Descobrimento do Brasil em 2000. Segundo os promotores, a mostra pretende fazer «um contraponto entre o caráter efabulatório da cartografia pré-era dos Descobrimentos e o levantamento exaustivo efetuado» pelos portugueses nas suas incursões por África, Índias Orientais e no Novo Mundo, do qual o relato de Pêro Vaz de Caminha é o momento inaugural. «Não se trata de um relato de viagem, uma narrativa de um conjunto de peripécias com um fim e uma moral adjacentes, nem uma tentativa de exaltar os autores da gesta ou o seu suserano, nem ainda uma tentativa de relevar uma qualquer supremacia tecnológica ou racial. O que se encontra neste documento burocrático e que se insere na tradição dos cronistas medievais portugueses é a descoberta do “outro”», lê-se no texto de apresentação da exposição.

Pouco se sabe sobre Pêro Vaz de Caminha, fidalgo, escrivão e vereador na Câmara do Porto, que junto a Mestre João, cosmógrafo da armada de Pedro Álvares Cabral, descreveu a gesta da chegada ao território que é hoje Porto Seguro. O primeiro de forma literária e o segundo num registo científico, onde aparece pela primeira vez sinalizado o Cruzeiro do Sul. Promovida pela Câmara de Belmonte, Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e Direção-Geral de Cultura do Centro, a exposição intitulada “O Novo Mundo e a Palavra” tem curadoria de D. André de Quiroga.

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