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Carnaval del toro

Ciudad Rodrigo é, provavelmente, o melhor cartaz carnavalesco da nossa região. Por alturas do Carnaval (durante cinco dias!) a cidade torna-se um centro de actividades tauromáquicas e afins. Desde os “encierros” aos “desencierros”, passando pelas novilhadas e pelas “capeas”, o programa é vasto, diverso e de ritmo quase infernal. Para quem esteja habituado a uma certa calma, entrar em Ciudad Rodrigo, num qualquer dia, ou noite, das festas del toro é como apanhar um banho de alegria e de vida. O ritmo e a maneira de viver é contagiante e fazem qualquer um despertar para o acontecimento e para a festa. Desde o apanhar com um toro pela frente (para os que quiserem sentir a adrenalina), até à confortável situação de assistir às peripécias da bancada, as hipóteses de distracção e de entretenimento são muitas. Passam também pelas tendas de divertimentos e de artesanato que se instalam pelas redondezas da cidade. Não é de espantar que estas festas venham num crescendo e que atraiam cada vez mais público. Numa estimativa por defeito diria que a população de Ciudad Rodrigo, é mais do dobro da habitual durante estes dias de festival taurino e carnavalesco. E não só os portugueses a juntarem-se aos espanhóis, também já se vêm muitos estrangeiros oriundos de outros países. Depois de pelo segundo ano consecutivo (a primeira impressão foi decisiva) ter vivido esta festa de toros e de “passion”, tento fazer uma comparação com o que deste lado da fronteira se vai fazendo. Por cá, e em particular na região beirã, parece que o que está a dar são as feiras tradicionais, as feiras dos queijos e mesmo a feira dos saldos (esta última na Covilhã). Tenho a impressão que ao contrário do que se passa em Ciudad Rodrigo, que já tem um programa bem consolidado e onde a festa está intrinsecamente ligada aos costumes e às actividades próprias da região, por cá está-se no início e sobretudo numa fase de tentar atrair e fidelizar visitantes às feiras. Enquanto há concelhos que apostam mais no artesanato e nas diversas manifestações industriais, outros apostam mais na cópia dos Carnavais brasileiros. A diferença é que enquanto em Espanha há uma aposta por algo de genuíno e único (essa aposta não é copiada por outros Ayuntamientos), por cá assiste-se a uma pulverização de acontecimentos similares, fazendo com que nenhumas das festas tenha um grande sucesso. Será isto a consequência da falta de coordenação e em última instância da falta de regionalização? Fica a dica para quem estiver interessado em analisar. Por mim, nos próximos anos o Carnaval é o do toro.

Por: Fernando Badana

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