Carlos Pinto quer elaborar um conjunto de projectos e de estratégias que permitam à Comunidade Urbana das Beiras «afirmar-se e projectar-se» a nível nacional. O autarca da Covilhã foi eleito presidente da Junta da ComurBeiras numa reunião realizada à porta fechada, na semana passada em Belmonte, onde marcaram presença nove dos 12 autarcas envolvidos no processo. A proposta apresentada pelo edil de Trancoso, subscrita por Domingos Torrão (Penamacor), que indicou o nome de Carlos Pinto, acabou por reunir consenso entre os autarcas presentes, isto depois de José Manuel Biscaia (Manteigas), que se havia auto-proposto para o cargo, ter retirado a sua candidatura e abandonado a reunião.
Como vice-presidentes foram designados Amândio Melo (PS) e Costa Reis (PSD), autarcas de Belmonte e Almeida, respectivamente. A eleição dos elementos da Junta da Comunidade Urbana não contou com a presença dos autarcas de Pinhel, Sabugal e Figueira de Castelo Rodrigo, tendo acabado com sete elementos, após as saídas de Biscaia e de João Mourato, presidente da Câmara da Mêda, que no entanto manifestou o seu apoio a Carlos Pinto. Recorde-se que esta foi a segunda reunião de autarcas para eleger o executivo da Junta da ComurBeiras, já que da primeira, a 11 de Março, não saiu “fumo branco”. Para além de terem faltado autarcas, não houve consenso sobre a candidatura do presidente de Manteigas. Biscaia chegou mesmo a apresentar uma proposta no início desta segunda reunião no sentido do acto eleitoral ser adiado, devido ao pedido de impugnação das eleições para a Assembleia da Comunidade, mas tal intenção não mereceu o aval dos restantes autarcas.
O primeiro presidente da Junta da ComurBeiras tem como primeiras grandes prioridades a elaboração de um conjunto de projectos e de estratégias no papel, «para depois passar à prática», que sejam capazes de promover a Comunidade Urbana das Beiras a nível nacional. Projectos que «oportunamente» serão divulgados, mas que estão obrigatoriamente relacionados com a «natureza económica e social» da região, adianta. Questionado se considera que uma Comunidade Urbana do interior pode afirmar-se no panorama do país, Pinto deixa uma resposta sintomática: «Não acho fácil, nem difícil. É preciso trabalharmos para termos ideias e desenvolvermos projectos», avisa. De resto, o autarca covilhanense acredita que é possível «surpreender o Governo com uma estratégia e iniciativas concretas e não apenas com declarações sobre desenvolvimento, mais ou menos, teórico». Realçando que o trabalho deve ser feito em equipa, Carlos Pinto pede «entusiasmo» ao executivo liderado por José Sócrates para continuar com o modelo de divisão administrativa criado pelo anterior Governo.
«Obviamente satisfeito» com a eleição de Carlos Pinto ficou Júlio Sarmento, que realça que o autarca covilhanense é, na actual conjuntura, o «homem certo no lugar certo». Isto porque considera que possui o «perfil mais adequado para liderar» o órgão eleito na semana passada, uma vez que se trata de um autarca «com experiência, capacidade de intervenção política e visibilidade no plano nacional». Outro factor que contribuiu para a preferência do autarca de Trancoso por Carlos Pinto tem a ver com o facto da Covilhã ser «a maior cidade da comunidade» e de José Sócrates ter ali fortes ligações. Sarmento acredita de resto que o primeiro-ministro vai ser «sensível a um quadro de propostas concretas». A tomada de posse da Junta ainda não tem data marcada, na medida em que há que resolver primeiro o pedido de impugnação do acto eleitoral para a Assembleia interposto pela CDU e o PP. A ComurBeiras integra os concelhos de Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso, todos do distrito da Guarda, e ainda Belmonte, Covilhã e Penamacor, de Castelo Branco. A sede da Junta fica instalada em Manteigas, enquanto a Assembleia reunirá em Belmonte.
Ricardo Cordeiro
