Arquivo

Carlos Pinto quer criar fundo de reflorestação para as áreas ardidas

Autarquia está «disponível» para desbloquear 20 milhões de euros da sua capacidade de endividamento para este programa

A Câmara da Covilhã vai propor ao Governo o lançamento de um «programa excepcional» para reflorestar as áreas ardidas do concelho nos incêndios de há duas semanas. O anúncio foi feito pelo autarca covilhanense numa conferência de imprensa na última sexta-feira, na presença de presidentes de algumas juntas de freguesia atingidas e pelo comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã.

Pelos cálculos de Carlos Pinto, o valor total deste programa deverá ascender os 44 milhões de euros. Daí que a ideia passe pela criação de um fundo municipal comparticipado pelo Governo e «simbolicamente» por alguns proprietários. O autarca afirmou que a câmara está «disponível» para desbloquear de «imediato» junto da banca 20 milhões de euros da sua capacidade total de endividamento.

A proposta, que será enviada ao Primeiro-Ministro e aos ministros da Agricultura e da Administração Interna, é a resposta do município para minimizar as consequências do fogo de Seia que alastrou à zona sul do concelho. Um fogo que, durante seis dias, devastou freguesias e anexas como Sobral de S. Miguel, Casegas, Erada, Trigais, Aldeia do Souto, Aldeia de S. Francisco de Assis, Vale Formoso, Ourondo e S. Jorge da Beira. Para trás ficou um rasto de «quatro mil hectares» de área ardida, 250 mil euros de prejuízos na rede eléctrica, mais de meia centena de edifícios e palheiros queimados, várias dezenas de animais mortos ou impossibilitados de alimentação, entre outros danos que falta contabilizar.

Com esta proposta, que o autarca espera que seja aceite pelo Governo, Carlos Pinto pretende recuperar o património edificado atingido pelos incêndios, minimizar as consequências dos agricultores e reflorestar toda a vertente sul da Serra da Estrela. Aqui, pressupõe-se um «ordenamento florestal» com a plantação espaçada de árvores folhosas, nomeadamente castanheiros e carvalhos, especifica o comandante José Flávio, que defende também a criação de pontos de água na floresta para um combate mais rápido às chamas.

Autarca acusa Jorge Sampaio de «afrontar» covilhanenses

O autarca covilhanense, Carlos Pinto, não poupou críticas à visita que o Presidente da República efectuou na última sexta-feira às zonas do país atingida pelos fogos, considerando mesmo ser «uma afronta ao município e aos covilhanenses». Em causa está o facto da autarquia não ter sido convidada para a reunião promovida por Jorge Sampaio em Ferreira do Zêzere com o Governo, bombeiros, governadores civis e presidentes de câmara, depois de ter sobrevoado as zonas afectadas pelos fogos das últimas semanas. «A Covilhã foi o concelho mais atingido por esta catástrofe», aludiu, para acrescentar logo de seguida: «Se o Presidente da República não toma conhecimento da situação quanto ao nosso concelho, às famílias atingidas e às propostas do município e das freguesias para minorar os efeitos patrimoniais e sociais, então não sabemos para que servirá esta visita». Daí que, na sua opinião, este tipo de acções «não têm credibilidade», pois em nada resolvem os problemas das famílias e dos concelhos atingidos pelas chamas. São apenas «exercícios de fachada mediática», acusa.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply