Depois de três sábados consecutivos de protestos na Fonte das Três Bicas, na Covilhã, onde depositaram garrafas e garrafões de água, alguns dos subscritores do abaixo-assinado contra o aumento do preço da água foram reivindicar e pedir esclarecimentos ao presidente da Câmara da Covilhã na última reunião pública do executivo.
Com a factura da água na mão, para comprovar que era consumidora, a porta-voz do grupo, Mariana Morais, pediu a «redução do preço cobrado pelo metro cúbico de água» e a «inclusão da análise química e biológica da qualidade da água na factura», enquanto que um outro elemento pediu o aumento do primeiro escalão de três para cinco metros. E aquilo que prometia ser um protesto “forte” por causa das declarações feitas anteriormente pelo autarca, acabou por ser a resposta exigida pelo grupo ao abaixo-assinado entregue em Fevereiro passado. Carlos Pinto disse não ser possível baixar o preço da água por causa dos «investimentos caríssimos» em filtros de carvão (500 mil euros) e no levantamento de canalizações com mais de 40 anos para fornecer aos munícipes «água com qualidade» e «sem salmonelas, como acontece em concelhos vizinhos». Apesar de algumas reservas, o edil covilhanense acabou mesmo por citar a Guarda por ter a «quinta pior água do país» num estudo da DECO, enquanto a Covilhã tinha «uma das melhores». No entanto, não vai indexar as análises da qualidade da água à factura, pois são publicadas todos os meses no Boletim Municipal. «Não posso tocar no preço da água sob pena de termos outro produto a correr na torneira», justificou Carlos Pinto, lembrando ainda os descontos que a autarquia faz aos portadores do Cartão Municipal do Idoso. Uma verba de 240 mil euros que é suportada pela Câmara.
O autarca refutou ainda que se pague a água mais cara da Beira Interior. «Não podemos comparar cidades incomparáveis», disse, acrescentando que a Covilhã só pode ser comparada com concelhos com densidade populacional semelhante, como Castelo Branco. E aí, garante, «temos a água mais barata». Quanto aos esgotos, «só uma pequena parte (30 por cento) das águas residuais é que não é tratada». Situação que será resolvida «até ao final do ano» com a entrega do saneamento em alta à empresa AGS da Somague. «Tratamos 70 por cento dos esgotos quando os outros concelhos tratam apenas 30 por cento», comparou, para acrescentar de seguida que «os munícipes têm muita sorte pelo facto da Covilhã não ter aderido ao sistema multimunicipal», prevendo que os concelhos que integram a Águas do Zêzere e Côa venham a pagar um preço elevado pela água assim que os esgotos estiverem tratados. Para já, Carlos Pinto não vai aumentar o escalão de 3 para 5 metros cúbicos como foi pedido, mas prometeu analisar a situação no futuro. «Só posso prometer que estou sensibilizado», disse, justificando que a autarquia tem sido «compreensiva» para quem tem mesmo dificuldades em pagar a factura da água ao permitir que a mesma fique por pagar durante algum tempo. De resto, descansou os consumidores de que «não haverá aumentos» este ano nem em 2005. «E se houver em 2006, serão muito moderados», prometeu.
Liliana Correia