A capeia arraiana foi classificada como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal pela Assembleia Municipal do Sabugal.
A deliberação foi aprovada por unanimidade na última sessão, realizada no final de Setembro, com o objectivo de «proteger legalmente um bem cultural imaterial de inegável e inquestionável valor patrimonial», justifica a deliberação. Com este reconhecimento, o município quer preservar e promover esta «manifestação de cultura tradicional», mas também dar «mais legitimidade» ao pedido de inventariação da capeia como Património Cultural Imaterial da Humanidade junto da UNESCO. O processo está a ser elaborado e será apresentado ao Instituto dos Museus e da Conservação, ao qual compete promover a candidatura final. Os procedimentos necessários para fundamentar o pedido de inventariação da capeia serão conduzidos pelo gabinete da presidência da Câmara, sob a coordenação do antropólogo Norberto de Oliveira Manso, e deverão estar concluídos no próximo Verão.
A autarquia anunciou ainda que no próximo ano, em Agosto, vão realizar-se umas jornadas sobre esta tradição tauromáquica única, que poderão ocorrer na véspera do célebre festival “Ó Forcão Rapazes”, em que uma dezena de aldeias medem forças na lide dos touros com forcão. Na ocasião, será igualmente atribuído, pela primeira vez, o Prémio Municipal de Trabalhos de Investigação sobre a Capeia Arraiana, de mil euros. A capeia é uma prática única e exclusiva das gentes raianas do concelho do Sabugal e tem o seu ponto alto durante o mês de Agosto, com a realização de mais de uma dezena de corridas de touros. O acontecimento culmina, normalmente, as festas religiosas locais e faz-se de encerros de touros pelas ruas das aldeias e lides nas praças com forcão. Esta estrutura triangular de madeira, onde cabem 30 homens, é o elemento aglutinador da capeia, já que é com ele que se lida o touro e que os jovens se afirmam perante a comunidade. A origem deste ritual perde-se na memória dos tempos.