Joaquim Canotilho garante que só volta a ser candidato nas eleições de 2009 caso existam mais pessoas a trabalhar activamente na campanha. O cabeça-de-lista do CDS/PP à Câmara da Guarda nas autárquicas do último domingo ficou «triste» por não ter alcançado o grande objectivo de ser eleito vereador, mas «satisfeito» com a subida de votação no total do concelho, passando de 2,97 para 4,55 por cento. Apesar de reconhecer a «derrota», o presidente da concelhia centrista considera que o seu lugar «não está em causa».
O engenheiro agrónomo confessa ter sentido uma reacção mista com os resultados alcançados. Por um lado, em termos pessoais, ficou «triste» por as suas expectativas de ser eleito vereador terem saído goradas. «Houve talvez um bocadinho de inocência minha, bem como falta de experiência política e de fazer campanhas eleitorais. Pensei que toda a gente ouvisse rádios e lesse jornais, mas eu diria que muito pouca gente o faz e, portanto, a mensagem não chega», lamenta. Considera por isso que «muita coisa» terá corrido menos bem, a começar pela falta de «contacto com as pessoas», uma vez que não foi a «praticamente nenhuma» aldeia: «Falhou o porta-a-porta que todos os partidos fizeram e está provado que é isso que traz votos. É preciso começar a trabalhar muito tempo antes, ir às aldeias e falar com as pessoas», aponta. Canotilho admite também que «houve muito pouca gente a colaborar», para além de ter faltado «militância», lamenta, constatando que «havia mais gente na sede no dia das eleições do que houve durante toda a campanha para trabalhar», critica. Contudo, assegura não estar «revoltado contra ninguém, porque se mais ninguém trabalhou foi porque eu não pedi. Para a próxima há-de ser melhor», acredita.
No entanto, em termos partidários, pensa que «não há razão para aborrecimentos», uma vez que o CDS «quase dobrou» a votação, além de ter colocado mais um elemento na Assembleia Municipal, sendo agora três deputados. No que toca às freguesias, à semelhança de 2001, o PP conseguiu um mandato na Assembleia de Freguesia de S. Vicente, tendo mantido os três elementos no Codesseiro, cuja Junta, a única no concelho e no distrito, perdeu para o PSD. «Perdemos o presidente, mas ele também não fazia o que queria…», desabafa. De resto, o CDS alcançou votos em praticamente todas as freguesias e o mais importante, «que era o partido crescer», foi alcançado. Além do mais, o partido está «mais bem preparado» para daqui a quatro anos, frisa, ressalvando que o incremento da votação do CDS na Guarda é fruto de um «trabalho lento». Todavia, e apesar dos resultados positivos, Joaquim Canotilho garante que com as condições que teve nestas eleições não volta a candidatar-se em 2009. «A ter que ser eu a fazer tudo, desde abrir buracos para pôr os cartazes a andar com o carro de som, não o serei de certeza. Não posso, porque não sou funcionário público e se não trabalhar não ganho. A minha vida complicou-se nestes dias e deixei muita coisa por fazer», confessa. Deste modo, «com estas condições e “bases” financeiras não há possibilidade nenhuma. Só se houver outras condições e se o serviço aparecer feito», desabafa.
Quanto ao lugar de presidente da concelhia do CDS/PP, considera que «não está em causa», isto porque o partido aumentou a militância, havendo novos filiados nestas eleições. «Basta que haja uma pessoa descontente para eu tratar da vida, porque isto só me causa transtornos. Não gosto de me impor a ninguém, mas penso que esse problema nem se põe e se eventualmente se puser resolve-se facilmente», afiança.
Ricardo Cordeiro