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Camionistas exigem respeito pelos tempos de descanso

Acção juntou sindicatos portugueses e espanhóis no parque TIR de Vilar Formoso

Declarações falsas passadas pelas entidades patronais de motoristas de transportes pesados de longo curso estão a circular em Portugal para enganar a Brigada de Trânsito (BT) sobre as folgas e descanso na condução, denuncia Vítor Pereira. O dirigente da Federação dos Sindicatos dos Transportes Rodoviários e Urbanos (FESTRU), participou na última segunda-feira em Vilar Formoso numa acção conjunta com as Comissiones Obreras (CC.OO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) de Espanha para reivindicar mais segurança rodoviária, respeito pelos tempos de descanso e melhores condições de trabalho para os motoristas. A acção reivindicativa decorreu sobretudo no parque TIR de Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro, onde foram distribuídos comunicados, prestadas informações aos camionistas em trânsito que chegaram a formar filas de camiões, mas sem prejudicar a circulação no local onde se encontravam elementos da Guardia Civil espanhola, forças da GNR e Brigada de Trânsito, também colocados ao longo dos acessos à fronteira. O sindicalista exemplificou a sua acusação dizendo que, «frequentemente, essas declarações são passadas aos motoristas que chegam do estrangeiro, carregam logo a seguir e iniciam logo nova viagem», situação que considerou «um crime que está a acontecer». A FESTRU já entregou algumas dessas declarações ao Ministério Público para procedimento, citando nomeadamente um caso na comarca de Leiria, cuja empresa não identificou, «que está já em andamento e para o qual a FESTRU foi já notificada para prestar declarações». O sindicalista responsabilizou o Governo pela não adopção de medidas que evitem esta situação, realçando que esta problemática é já do seu conhecimento, assim como da Inspecção de Trabalho e da BT, instituições que, frisou, «não têm condições de trabalho nem elementos suficientes para fiscalizar». Adiantou que há casos em que os motoristas realizam 17 e 18 horas de condução sem descanso pelo facto de ganharem por hora de condução, tonelagem ou mesmo ao quilómetro, acrescido pelo pagamento de salários baixos. Carlos Lopez, das CC.OO, defendeu, por seu turno, a adopção de medidas que proíbam a circulação de pesados aos fins-de-semana e feriados ou dias festivos, assegurando assim que os trabalhadores tenham «tempo de descanso suficiente e os veículos de turismo não se confrontem com uma estrada atestada». A FESTRU, CC.OO e UGT admitem adoptar «outras medidas de luta» caso não sejam adoptadas medidas que minorem os efeitos negativos no sector dos transportes pesados de mercadorias.

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