Arquivo

Câmara tapa com tela edifícios degradados na Praça Velha

Presidente justificou opção dizendo que município «não tem ainda mecanismos adequados e eficientes para obrigar proprietários a fazer obras»

Para melhorar as vistas na Praça Velha, a Câmara da Guarda colocou uma tela gigante para tapar duas casas degradadas e a ameaçar ruína. A estrutura foi aplicada na passada segunda-feira sobre a fachada do edifício que, em tempos, acolheu uma dependência bancária e no imóvel contíguo, pertença da família Patrício Gouveia.

Na reunião do executivo, realizada nesse dia, o presidente da autarquia justificou a medida alegando que o município «não tem ainda mecanismos adequados e eficientes para obrigar proprietários a fazer obras nas casas degradadas». Segundo Álvaro Amaro, aquela situação «não é boa para os donos desses imóveis, nem para a imagem da Guarda porque está no “coração” da cidade e numa das zonas mais visitadas». Nesse sentido, a tela representa os edifícios como eram há décadas atrás e inclui alguns elementos ilusórios à vista dos transeuntes, como um terminal multibanco, um polícia e outras figuras. «É o retrato de uma cidade com vida, que é aquilo que queremos», sublinhou o edil aos jornalistas no final da reunião. Contudo, Álvaro Amaro acrescentou que «não queremos enganar ninguém, nem “tapar o sol com a peneira”, mas dar um sinal de sensibilização para aquelas casas serem reabilitarem».

Confirmando que o dono de um terceiro imóvel contíguo não autorizou a colocação da tela à frente da sua casa, o edil considerou que os proprietários «têm direito a querer que o seu património seja valorizado, mas tudo tem o seu tempo», afirmando que «não deve haver zonas dilaceradas no centro urbano da Guarda». Questionado por O INTERIOR, o autarca adiantou que as casas devolutas no centro histórico estão contabilizadas no documento que fundamenta a Área de Reabilitação Urbana (ARU) da Guarda. Álvaro Amaro disse também desconhecer se estava a ser aplicado o agravamento de IMI aprovado pelo anterior executivo para os proprietários de imóveis degradados e que não fazem as obras necessárias. «Espero que isso aconteça, mas também não quero fazer a penalização pela penalização», indicou.

Nesta sessão, o executivo aprovou, por unanimidade, a contratação por ajuste direto para o aluguer de stands, de equipamentos de palco, som, luz, vídeo e serviços de comunicação para a Feira Farta, agendada para final de outubro. Os dois procedimentos implicam uma despesa superior a 60 mil euros, a que acresce o IVA, um valor que Graça Cabral considerou «absurdo, astronómico e despropositado». No entanto, a vereadora do PS – único eleito da oposição presente na reunião já que Joaquim Carreira está de férias – acabou por votar favoravelmente estes dois pontos da agenda por considerar que a “Feira Farta” será «uma mais-valia e uma dinâmica de todo interessante para a cidade».

Logo a seguir, a eleita contrariou a votação dos socialistas em assuntos similares – que têm votado sempre contra – ao abster-se na contratação, por ajuste direto, de serviços para a limpeza e desmatação das bermas de estradas, sobretudo no troço municipalizado do antigo IP5. Graça Cabral começou por dizer que tinha «a indicação para votar contra» e ainda perguntou se a Câmara não tinha capacidade e funcionários para fazer esse serviço. O presidente respondeu que não e explicou a que se destinava o serviço, tendo a vereadora optado pela abstenção. O executivo aprovou por unanimidade o novo regulamento municipal de condecorações, que vai estar em discussão pública durante trinta dias. A principal alteração é a definição de quatro galardões: a chave de ouro da cidade e medalhas de honra, de mérito e de excelência e dedicação. Os homenageados vão ser propostos pelos órgãos autárquicos.

Luis Martins Estrutura representa os edifícios como eram há décadas atrás e inclui alguns elementos ilusórios, como um terminal multibanco, um polícia e outras figuras

Comentários dos nossos leitores
David davidpinto1983@gmail.com
Comentário:
Tapar as misérias…haviam de fazer o mesmo na Câmara, no hospital e porque não uma faixa na A 25 com uma imagem da Guarda de como ela deveria ser.
 

Sobre o autor

Leave a Reply