Dívida do município chegou aos 200 mil euros e tem vindo a ser amortizada mensalmente com 5 mil euros em combustível. Os 75 mil euros que falta pagar serão liquidados no âmbito do plano de saneamento do município já aprovado.
A Câmara da Guarda deverá retomar no próximo ano a transferência de um subsídio anual, cujo montante ainda não está definido, para os bombeiros voluntários da cidade. A decisão foi anunciada pelo vice-presidente da autarquia na sessão solene do 138º aniversário da Associação Humanitária, no domingo passado.
«É o mínimo que tem que ser assegurado pelo serviço que os bombeiros prestam e pela instituição que é», afirmou Carlos Chaves Monteiro, que na sua intervenção também anunciou que os 75 mil euros atualmente dívida deverão ser liquidados no âmbito do plano de saneamento recentemente aprovado pela autarquia. «Serão pagos em 2015 ou ainda antes, assim que o Tribunal de Contas der o visto ao pedido de empréstimo bancário de 12,9 milhões de euros que o município vai contrair para pagar a fornecedores. «A partir daí é nossa intenção estabelecer um novo protocolo com os bombeiros que tenha em conta as necessidades da corporação e as condições da Câmara para apoiar esta instituição centenária», disse no final aos jornalistas. Antes, Luís Borges, presidente da direção dos Bombeiros Egitanienses, tinha recordado que a associação humanitária não é apoiada financeiramente pela Câmara desde 2012, que acumulou uma dívida de cerca de 200 mil euros até 2010. «Desde 2011 que são pagos mensalmente 5 mil euros em combustível de forma a amortizar esse montante», lembrou o responsável, para quem, «nas condições atuais de financiamento, a Associação Humanitária terá dificuldades em desenvolver as suas atividades».
Luís Borges acrescentou aos jornalistas que «os encargos, as responsabilidades e as exigências» de uma corporação de bombeiros «não se compadecem com indefinições e picos de melhor ou pior relacionamento com a Câmara porque esse dinheiro é pela prestação de um serviço de proteção civil que compete às autarquias». Por isso, o dirigente está confiante que seja retomada em 2015 a transferência de uma verba anual para os bombeiros. Até lá, voltou a dizer que «é preciso legislar com urgência sobre o financiamento das associações humanitárias de bombeiros de forma a evitar o caráter discricionário que muitas vezes existe». Crítico foi também o comandante da corporação, que considera que a crise e a organização territorial do país «não favorece» os voluntários. «Faltam apoios e o reconhecimento devido», afirmou Paulo Sequeira, sublinhando que os bombeiros têm sido usados «como propaganda barata» por empresas de equipamentos, políticos e poderes públicos.
«Chega!», exclamou, exemplificando com o caso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI): «São importantes, mas não evitam por si só os acidentes. É uma ideia falsa que tem sido veiculada», acusou o comandante, lembrando que corporações como a da Guarda têm feito «o seu trabalho na área da proteção dos seus elementos com formação e aquisição de equipamentos a expensas próprias». No caso da Guarda, foram gastos 8.000 euros na compra de 70 pares de botas. «Substitui-mo-nos às entidades competentes. É só mais uma despesa a juntar a muitas outras», lamentou Luís Borges.
Nomes de beneméritos e de motoristas para ambulâncias
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses é uma das mais antigas do país e a mais antiga do distrito e do concelho da Guarda. Segundo Luís Borges, 75 por cento do tempo de prontidão da corporação é garantido por voluntários. Neste aniversário, a instituição atribuiu um louvor ao sócio António Saraiva, arquiteto e diretor da Agência para a Promoção da Guarda, e batizou uma das duas mais recentes ambulâncias com os nomes dos beneméritos Moisés Tonico Agostinho de Almeida e esposa. A outra recebeu os nomes dos seus motoristas, profissionais com mais de 20 anos de serviço.
Luis Martins