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Câmara de videovigilância instalada este Verão na Serra da Estrela

ICN investiu extraordinariamente 1,25 milhões de euros em prevenção e primeira intervenção em incêndios florestais

A Serra da Estrela vai dispor este Verão de uma câmara de videovigilância que ficará instalada na zona de Manteigas. Já foram assim ultrapassados todos os problemas que no ano passado impediram o recurso a esta tecnologia que permite uma rápida detecção de focos de incêndio. Depois da “catástrofe” do ano passado, o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) aposta forte na prevenção, vigilância e primeira intervenção em incêndios florestais em áreas protegidas, investindo extraordinariamente 1,25 milhões de euros.

Recorde-se que no ano transacto, o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) contava poder utilizar uma câmara de videovigilância, mas uma questão levantada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados atrasou o arranque do processo. Resolvida esta «celeuma», o ICN já dispõe «finalmente» de autorização para poder colocar as câmaras de videovigilância a trabalhar, adianta João Silva Costa, presidente daquele organismo. O equipamento, a instalar na zona de Manteigas, tem a particularidade de possuir um sistema de infravermelhos «que permite a detecção nocturna de focos de calor», sublinha, adiantando tratar-se de um «projecto-piloto» que, caso tenha o resultado esperado, poderá ser alargado a outros pontos do país. Em relação à Reserva Natural da Serra da Malcata e ao Parque Natural do Douro Internacional, ainda não vão dispor este ano de qualquer câmara mas é intenção do ICN alargar a instalação do sistema a «todos os parques do país», garante o presidente. «No ano passado estávamos muito entusiasmados com as câmaras de videovigilância, mas a questão levantada pela Comissão de Dados veio arrefecer um pouco o nosso entusiasmo porque não íamos investir sem termos a certeza que as podíamos utilizar», refere, explicando serem dispositivos caros. De resto, a instalação de uma câmara idêntica na Serra da Malcata pode ser de «uma ajuda imensa», já que se trata de uma zona de floresta «muito densa e com um grande risco de incêndio», sublinha.

Plano de ordenamento do PNSE aprovado este ano

Depois do “flagelo” ambiental provocado pelos inúmeros incêndios do ano passado, o ICN quer evitar que a situação se repita, investindo extraordinariamente 1,25 milhões de euros em vigilância, prevenção e primeira intervenção em incêndios florestais em áreas protegidas. João Silva Costa reuniu na semana passada na Guarda com Fernando de Matos, director do PNSE e coordenador nacional do dispositivo que está a ser preparado para a época dos incêndios, de forma a que o ICN possa estar preparado para o «que der e vier», indicou. Houve uma aposta no «reforço dos meios e da estratégia de actuação», afirmou, realçando que o ICN abrange 25 áreas protegidas e cerca de 700 mil hectares, dos quais «mais de 60 por cento estão em zona de maior risco de incêndio», adverte. Silva Costa alimenta a esperança de que 2004 «não seja tão mau como o ano passado», embora as condições climatéricas estejam «terríveis e muito complicadas», com muito calor e pouca chuva. Neste sentido, e de acordo com as necessidades das respectivas áreas protegidas, vão estar no terreno equipas de brigadas de sapadores florestais e de protecção florestal que todo o ano praticam «silvicultura preventiva», bem como equipas sazonais de vigilância que dispõem de viaturas “pick up” com um kit de primeira intervenção com um pequeno depósito de água. O presidente do ICN sublinha que a primeira preocupação é «chegar rapidamente» ao foco de incêndio, pois o «combate não é connosco, mas sim com os bombeiros», refere.

Em termos de viaturas, o ICN adquiriu, para já, mais 10 viaturas todo-o-terreno, o que representa um investimento de 250 mil euros, a que se junta cerca de um milhão de euros gastos em contratos com Juntas de Freguesia e pessoal para postos de observação, o que o representa um «gasto extra» de 1,25 milhões de euros, para além do dispositivo normal «que não se pode quantificar», garante. Entretanto, Silva Costa adiantou ainda que vários planos de ordenamento, entre os quais os do PNSE, da Serra da Malcata e do Douro Internacional, «estão na calha para serem aprovados este ano», garante.

Matos escolhido pelas suas «capacidades»

As «capacidades pessoais, quer ao nível humano, quer técnico» fizeram com que Fernando de Matos, director do Parque Natural da Serra da Estrela, fosse escolhido pelo ICN para coordenador nacional da equipa de projecto do sistema montado este ano para prevenção, vigilância e primeira intervenção em incêndios florestais em áreas protegidas, indica João Silva Costa, presidente do instituto. Também o facto da Serra da Estrela ser a maior área protegida do país e estar no «centro do mapa vermelho de riscos de incêndio» contribuiu para esta escolha. De resto, o PNSE está a ser «um caso de sucesso» em todo o aspecto de «prevenção e vigilância dos incêndios através de protocolos com Juntas, câmaras e associações de protecção florestal», destaca o presidente do ICN. A equipa nacional coordenada por Fernando de Matos é composta por especialistas sediados em Lisboa, estando ainda incumbida de dirigir os seis delegados regionais que articulam com as diversas áreas protegidas do país.

Ricardo Cordeiro

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