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Câmara da Guarda vende Hotel Turismo por 3,5 milhões

Negócio com o Instituto de Turismo de Portugal é contestado pelo PSD, que acusa a maioria de ter rejeitado uma oferta superior apresentada por privados

A Câmara da Guarda aprovou por maioria, em reunião do executivo de segunda-feira, a venda do Hotel Turismo por 3,5 milhões de euros. O negócio vai ser feito com o Instituto de Turismo de Portugal, que se compromete a transformar a unidade num hotel-escola de nível quatro. O PSD votou contra a proposta, por considerá-la «infeliz e grave»: «Há um grupo de empresários da Guarda que não só estava interessado, como cobria esse valor», denunciou Rui Quinaz.

O vereador social-democrata começou por recordar que a candidatura da região ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) incluiu a requalificação da unidade hoteleira, numa «parceria entre a Câmara e um grupo de empresários», tendo merecido aprovação. Este projecto previa um investimento na ordem dos 12 milhões de euros. «A verdade é que houve por parte desse grupo de empresários uma intenção séria de investir», afirmou, dizendo ter conhecimento de quem estivesse disposto «a cobrir a proposta de 3,5 milhões de euros». Ao preferir vender o imóvel a uma entidade pública e por um valor mais baixo, a Câmara «desvaloriza os empresários locais, que se queixam de não serem bem tratados na Guarda e vão investir para outras terras», criticou o vereador. Para Rui Quinaz, a autarquia «não teve nenhuma vontade de negociar com eles» e as razões para entregar o imóvel ao Turismo de Portugal só poderão estar relacionadas com a «proximidade política».

«Ainda que o valor proposto pelos empresários fosse inferior, deviam ser protegidos, porque a Guarda precisa de um tecido empresarial forte e de gente capaz de investir», acrescentou. Além disso, «há muito pouca informação sobre o projecto, do qual se sabe apenas que terá uma escola de hotelaria», constatou. Referindo que também se desconhece quando o investimento será concretizado, o social-democrata disse ter «receio de que este processo se arraste no tempo». Numa sessão em que Joaquim Valente esteve ausente, por estar de férias, a primeira reacção da maioria socialista veio do vice-presidente, que desafiou repetidamente Rui Quinaz a apresentar uma cópia da proposta dos privados. Quem acabou por responder ao PSD foi Vítor Santos, que assegurou que, após o processo de candidatura ao PROVERE, não houve privados a apresentarem propostas: «A partir daí, nada se passou por parte de nenhum investidor privado», sublinhou.

«Não temos em nosso poder qualquer candidatura de valor superior ou inferior às avaliações que foram feitas», acrescentou o socialista, revelando que o imóvel foi avaliado por duas vezes – uma por uma entidade bancária e outra por uma empresa, sendo que a melhor rondou os 2,7 milhões de euros. Para Vítor Santos, a venda ao Instituto de Turismo de Portugal «é a melhor opção» para esta unidade, por conciliar as vertentes de hotel e escola, permitindo à autarquia um «importante encaixe financeiro». A vinda do projecto para a Guarda até resultou de «uma intervenção difícil que o presidente teve em Lisboa, junto do Governo e do Turismo de Portugal», realçou, adiantando que a escritura poderá ainda ser feita este mês, depois da decisão ser ratificada em Assembleia Municipal, agendada para dia 29.

Confrontado pelos jornalistas sobre as datas para o início da intervenção, o vereador diz que a Câmara pretende obter essa informação depois de realizada a escritura. Quanto ao previsto no projecto, referiu que «todos os processos de especialidade terão de dar entrada na Câmara» e que a autarquia conta «dialogar» com a instituição.

Privados ofereciam quatro milhões

Apesar de Vítor Santos afirmar que não houve qualquer proposta por parte de privados, O INTERIOR sabe que decorreram conversações entre o presidente da Câmara e um grupo de empresários da Guarda, que estaria disposto a pagar quatro milhões de euros pelo hotel. De resto, os promotores terão mostrado disponibilidade para incluir a escola de hotelaria no projecto e assumir a Sociedade Hotel Turismo, incluindo os 23 trabalhadores da unidade. A Câmara nunca terá chegado a pronunciar-se sobre esta oferta. Recorde-se que o projecto incluído na candidatura ao PROVERE – processo que na sua fase inicial foi até liderado pela Câmara da Guarda – foi considerado âncora.

Parqueamento TIR para a PLIE

Vítor Santos anunciou na reunião do executivo que a Câmara vai criar condições na PLIE para o estacionamento de camiões, a partir do espaço destinado ao parqueamento TIR. Segundo o vereador, a autarquia quer «criar todas as condições» e vai colocar uma vedação e um segurança em permanência na nova estrutura. Em simultâneo, em Julho ou Setembro, serão abertos dois concursos públicos: um para uma área de apoio aos camionistas, com snack-bar e vestiários; e outro para um posto de lavagem de viaturas. Serão concursos de construção, concepção e exploração. O vereador fez o anúncio depois dos vereadores do PSD terem alertado para as situações de estacionamento indevido de camiões na cidade, nomeadamente ao fim-de-semana. Ainda nesta mesma reunião, o PSD alertou para o estado de degradação em que se encontram as antigas piscinas e toda a zona onde se encontram os bairros da Fraternidade e do Fomento. Vítor Santos disse, sem falar em datas, que a intenção da Câmara é requalificar toda aquela área numa «acção conjunta».

O Turismo de Portugal pretende transformar a unidade num hotel-escola

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