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Câmara da Guarda tem passivo global de 91 milhões

Executivo vai «trabalhar intensamente para entrar num processo de saneamento financeiro» da autarquia

Os resultados eram esperados há muito tempo e na reunião da Assembleia Municipal realizada na última terça-feira foi levantado um pouco do véu do panorama financeiro na Câmara da Guarda. De acordo com a auditoria externa realizada pela empresa Marques Cunha, Arlindo Duarte & Associados SROC, o município tem um passivo global com mapa de compromissos assumidos até 30 de setembro de aproximadamente 91 milhões de euros.

Deste montante, que gerou incredulidade na bancada da maioria PSD/CDS-PP, 53,3 milhões são referentes a passivo da autarquia, 16,3 milhões dos serviços municipalizados (SMAS), 3,39 milhões da Culturguarda e 678 mil euros da Guarda, Cidade, Desporto, a que se juntam 17,8 milhões de compromissos assumidos pelos executivos até 30 de setembro do ano passado. Perante alguma relutância da bancada socialista em viabilizar a apresentação do relatório, o presidente do município garantiu que a auditoria externa é «um instrumento de gestão e não de suspeição», frisando ter encontrado no documento «muitas coisas que, para mim e para os auditores, refletem, em primeiro lugar, algumas questões de fluxos de informação em termos técnicos que urge corrigir». Perante os números apresentados, Álvaro Amaro anunciou a adoção de duas medidas imediatas, sendo a primeira a contratação de «uma assessoria financeira externa» para acompanhamento da situação financeira do município: «Eu não tenho capacidade, só por mim, não domino à exaustão, e entendo que não é dominável neste momento esta situação apenas pelos recursos endógenos» da autarquia, justificou o edil. Em segundo lugar, o autarca informou que depois de «ponderar muito» sobre a «triste fotografia» revelada pela auditoria vai «trabalhar intensamente para entrar num processo de saneamento financeiro» do município. O autarca salientou ainda que «não estão refletidos no documento nenhuns contratos em que não tenha havido entrada e saída de dinheiro», exemplificando com o caso em que a Microsoft reclama o pagamento de mais de 336 mil euros.

Alguns deputados reagiram aos resultados da auditoria. Marco Loureiro, do Bloco de Esquerda, foi o primeiro a intervir após a apresentação do documento e disse «ainda estar a tremer» quando começou a falar, ironizando que a Câmara devia aproveitar para realizar um «peditório» nas comemorações do 10 de junho para começar a atenuar o passivo. Já o social-democrata Tiago Gonçalves manifestou a sua «dupla indignação» e disse sentir-se «enganado» por no mandato anterior «muito dos documentos aqui apresentados não coincidirem com estes números». O deputado mostrou-se ainda indignado por a socialista Elsa Fernandes, vereadora no anterior executivo socialista, ter falado de «obscuridade» e «opacidade» nos contratos do município. Pelo lado do PS, Armando Reis afirmou que «se houver motivo político para se ir mais longe que se vá» e Elsa Fernandes desafiou Álvaro Amaro a averiguar e a investigar.

Ricardo Cordeiro Álvaro Amaro anunciou a contratação de «uma assessoria financeira externa» para acompanhamento da situação financeira do município

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