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Câmara da Covilhã e Turistrela querem casino na Serra da Estrela

Interesse da Guarda foi manifestado no início do ano, mas projecto não terá avançado

Ainda a febre dos golfes não passou e já começou a dos casinos na Serra da Estrela. Depois da Câmara da Guarda ter manifestado interesse na instalação de um casino na cidade, é a vez da Turistrela e da autarquia da Covilhã defenderem a criação de uma zona de jogo nas Penhas da Saúde, «com o objectivo de instalar um casino», anunciou segunda-feira Artur Costa Pais, administrador da empresa concessionária do turismo na Serra da Estrela. Mas, ao contrário do município guardense, o pedido covilhanense já foi enviado à Inspecção-Geral de Jogos, tendo em conta que «não existem condicionantes legais para a criação da zona de jogo» na Serra da Estrela, explicou aquele responsável.

A aldeia de montanha das Penhas da Saúde, a cerca de 1.500 metros de altitude, é o local pretendido para acolher o investimento, que tem como objectivo «”dinamizar o turismo desta zona», argumenta Artur Costa Pais, invocando ainda a localização equidistante em relação às cidades de Castelo Branco e da Guarda e a proximidade com Espanha, situação que permite «reunir uma população superior a 250 mil habitantes». Em condições normais, as zonas de jogo a criar necessitam de um concurso público para serem adjudicadas, no entanto, neste caso, o Governo pode estabelecer a atribuição por decreto-lei, «porque se trata de uma zona turística já concessionada», acrescenta Costa Pais. No princípio do ano, a Câmara da Guarda já tinha manifestado o seu interesse neste tipo de empreendimento turístico, com Maria do Carmo Borges a adiantar a “O Interior” – que revelou o assunto em primeira-mão na edição de 17 de Janeiro – haver «investidores para um casino na Guarda». A ideia ganhou novo alento após o Presidente da República ter promulgado a instalação de um casino em Lisboa. Segundo a presidente da Câmara, trata-se de um investimento «como qualquer outro» e uma «mais-valia» para a cidade.

Na altura, a autarca mostrou-se mesmo agradada com a ideia da cidade mais alta poder transformar-se na capital do jogo do interior e até admitia empenhar-se para ajudar o eventual projecto a concretizar-se. Para tal, bastará que os investidores avancem e se apresente um projecto credível, sustentou. Recorde-se que o licenciamento deste tipo de unidades é extremamente complexo, pois o Estado costuma ser escrupuloso em relação a autorizações para a abertura de casinos. Mas Maria do Carmo assumiu a “O Interior” que, perante um bom projecto, a Câmara da Guarda «irá ajudar a que se torne realidade», argumentando que a ideia não é «assim tão absurda quanto parece». Para a presidente, será um investimento «como qualquer outro e não devemos ter medo de arriscar. Se a oportunidade se proporcionar, garanto que a Câmara da Guarda não vai enjeitá-la e irá considerá-la muito seriamente», disse então. «Não partilho a ideia de que os casinos são um mal para as localidades onde se instalam», acrescentou, querendo aproveitar a posição géo-estratégica da cidade e a sua proximidade com Espanha, cujo apetecível mercado de jogadores e apostadores poderia ser um maná para o eventual projecto da Guarda.

«Acrescem a este factor a centralidade da cidade em relação a grandes centros urbanos, a oferta de um produto turístico diferenciado e de grande valor acrescentado no seio da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE). Não há casinos nas redondezas, o mais próximo está na Figueira da Foz e nós temos que nos mentalizar que também é com projectos arrojados como este que se dinamiza uma cidade e, porventura, o concelho», sublinhou Maria do Carmo, que não esquece que grande parte dos casinos portugueses viveram muito tempo «à custa dos espanhóis». De resto, a aposta no turismo é um dos caminhos para o desenvolvimento da cidade e do concelho: «Temos a Serra e muitos outros produtos que são já de grande interesse e a possibilidade de a cidade ter um casino seria mais um motivo de grande atracção», referiu a edil, para quem «não temos que ser pudicos, porque as pessoas se não jogam na Guarda ou no interior, porque aqui não há casinos, irão jogar onde eles existem». Resta saber qual das duas autarquias vai conseguir uma concessão para o interior do país.

Luis Martins

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