«Trapalhada estatística». É assim que a Câmara da Covilhã classifica algumas conclusões apresentadas nos dados preliminares dos Censos 2011. A autarquia, em comunicado enviado às redações, considera mesmo que determinados factos apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) colocam em causa «a credibilidade» deste recenseamento da população.
Foi através da comparação entre a população residente em Castelo Branco e na Covilhã que o município alega ter descoberto «incongruências» no estudo. De acordo com o INE, o número de famílias clássicas aumentou mais na Covilhã do que em Castelo Branco, mas quando se chega ao número de residentes, no primeiro concelho há menos 2.735, enquanto na capital de distrito contabilizam-se mais 325. Além disso, a autarquia presidida por Carlos Pinto diz-se surpreendida por, em Castelo Branco, a população residente ser superior à população presente (estudantes, entre outros). «Esta surpreendente criatividade do INE conduz à caricata situação de determinar um número de “presentes” nos domicílios em Castelo Branco inferior aos “residentes”», denuncia a Câmara covilhanense. O que, no entender dos seus responsáveis, significa que existe uma «população flutuante negativa» que acaba, ao mesmo tempo, por ser contrariada pelo indicador do número de indivíduos e famílias em ambas as cidades.
Por isso, a Covilhã critica o trabalho de campo efetuado em terras albicastrenses, duvidando até se foram utilizados os mesmos métodos que noutras cidades. «É legítimo questionar se não terão seguido o pressuposto erróneo de considerar, em Castelo Branco, todos os indivíduos recenseados como residentes», lê-se no comunicado, que acrescenta que a população estudantil, por exemplo, «só pode ser considerada residente se tiver uma atividade remunerada». A autarquia decidiu pedir esclarecimentos ao INE sobre esta análise para que «se possa repor a verdade». «Portugal não é um país famoso no domínio estatístico, sendo frequente o confronto com as autoridades comunitárias europeias, designadamente o EUROSTAT, quanto aos números conexos com a realidade económica, social e demográfica. Este caso é um bom exemplo», considera o município.