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Cães envenenados em Dominga Feia

Ossos suspeitos deixados nas matas terão sido a causa da morte de quatro cães na pequena aldeia do concelho da Guarda

No último mês já morreram quatro cães e os habitantes de Dominga Feia, uma pequena aldeia do concelho da Guarda, estão indignados com a situação. Há cerca de um mês, três animais apareceram mortos depois de terem ingerido, alegadamente, ossos envenenados espalhados pelas matas. Uma semana depois, outro cão teve o mesmo destino.

«Nesse domingo de manhã o meu marido saiu para o campo com as cabras e viu a cadela com o rabo entre as pernas e a ofegar. Passado um bocado desapareceu», adianta Deolinda Pedro, dona de dois dos quatro cães mortos. «Tinha as licenças e as vacinas todas em dia e vermos morrer assim os animais custa. Ainda se o cão morre com uma doença que Deus lhe dá, agora assim, é complicado», acrescenta. Para além da companhia, Deolinda Pedro confessa que na aldeia os cães fazem falta para guardar o rebanho e para «guardarem a porta» e dá o exemplo de outro vizinho que ficou sem o terceiro cão: «Tinha-lhe muita estima e foi muito difícil para ele. O cão acompanhava-o para todo o lado, passou quase 15 dias sem comer nada e com as lágrimas a correr-lhe pela cara», recorda. Em relação aos responsáveis pelos ossos envenenados, apesar de não ter certezas, sempre vai adiantando: «Todas as semanas o meu marido vai para o campo com as cabras e nunca aconteceu nada. Nesse domingo andou aí gente da associação de caça e foi nesse dia que lá ficaram os cães».

«A gente não sabe quem foi e vida ao cão já ninguém lha dá», acrescenta. Também é com tristeza que Isaura Pereira recorda a morte da sua cadela, uma semana depois dos outros três. «Encontrei-a morta à porta da minha vizinha. Tinha-a vacinado nessa semana», garante, lamentando a morte dos animais, tão necessários para proteger os donos e o gado, numa aldeia que ainda vive da pastorícia. Esta habitante de Dominga Feia quase perdeu outro cão: «Vi-o espernear, a cambalear e a espumar pela boca e vi logo que não estava bem. Fui chamar o meu homem, demos-lhe azeite, vomitou e passado algum tempo já foi comigo buscar o pão com a burra. Mas agora sem a cadela, anda triste», sublinha. Nesta pequena aldeia do concelho da Guarda os cães representam bens mais que uma companhia. Dependentes da vida do campo, os habitantes de Dominga Feia esperam por respostas e confessam ter medo de futuras mortes, episódios que se «podiam evitar» na opinião dos donos dos animais envenenados.

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Rafael Mangana Deolinda Pedro e Isaura Pereira lamentam as mortes dos seus animais

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