Fernando Cabral foi reeleito, na última sexta-feira, para um terceiro mandato na presidência da Federação da Guarda do PS com 27 votos de diferença sobre José Martins Igreja. Um resultado que levou o actual deputado na Assembleia da República a considerar que os militantes «confiam» no seu trabalho, numa indirecta à «vontade de mudança» sugerida pelo adversário. E recusou a ideia de ter derrotado um candidato apoiado por José Sócrates.
Nestas eleições votaram 800 militantes, num universo de 1.250 eleitores, o que representa uma participação de 65 por cento dos inscritos. Fernando Cabral obteve 414 votos contra 387 de José Martins Igreja. «O PS saiu reforçado deste acto eleitoral. A partir de agora conto com todos, porque os nossos adversários estão lá fora», disse o vencedor, que elegeu 84 delegados ao congresso distrital agendado para 6 de Maio. O actual dirigente só não ganhou na Guarda, em Celorico, Mêda e Pinhel, mas conseguiu vitórias em concelhias importantes como Seia, Gouveia e Vila Nova de Foz Côa. Visivelmente desiludido, José Martins Igreja deslocou-se à sede da Federação para considerar que esta é uma «derrota pessoal», uma vez que «os militantes acharam que ainda não era a hora da mudança». Contudo, admitiu que se criou uma alternativa e que «a luta para melhorar o PS já começou e vai continuar». Mais, prometeu continuar «no terreno» se os socialistas que o apoiaram continuarem do seu lado. «O PS ganhou uma alternativa no espaço de um mês de trabalho», constata José Martins Igreja, que não tenciona abdicar deste estatuto.
Quanto aos resultados, o candidato destacou os 62 votos perdidos em Gouveia e Seia, a «luta taco-a-taco» nas restantes concelhias e a vitória «folgada» na capital do distrito. Em contrapartida, estranhou que, dos seus oito proponentes em Aguiar da Beira, apenas um tenha votado nele na sexta-feira. «Algo de errado aconteceu», disse, lacónico. De resto, anunciou que contava impugnar as eleições para os delegados nos concelhos da Guarda, Celorico da Beira, Mêda e Pinhel, com base no facto das listas apresentadas pelo seu adversário «não terem o número suficiente de suplentes». Uma situação que Fernando Cabral desvalorizou, dizendo aguardar com «muita serenidade» o desenrolar do processo. O congresso distrital dos socialistas da Guarda vai decorrer a 6 de Maio, numa sessão em que se votarão as moções dos dois candidatos à presidência da Federação e serão eleitos os restantes elementos dos vários órgãos dirigentes.
Luis Martins