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Bodas reais de D. Dinis e Isabel de Aragão inspiram feira medieval em Trancoso

Durante o último fim-de-semana o centro histórico de Trancoso ganhou uma nova vida com milhares de curiosos e visitantes a deslocarem-se à “cidade de Bandarra” para viver de perto os costumes, a história e as tradições da Idade Média. As ruas foram decoradas a preceito e encheram-se de centenas de figurantes e atores trajados a rigor, com músicas antigas e falas de outros tempos.

Foi debaixo de um sol abrasador que, no domingo, os atores Diogo Lopes e Bruna Quintas recuaram até 1282 para recriar o esposamento e bodas reais entre D. Dinis e Isabel de Aragão. Montados a cavalo e em cortejo, passaram a Porta d’El Rey em direção à Praça Dom Dinis onde eram esperados por alguns milhares de pessoas. Mais uma vez, o centro histórico de Trancoso recuou no tempo com nobres, mendigos, guerreiros, mouros e cristãos, judeus e mercadores, pregoeiros, taberneiros, cavaleiros e infantes a completarem o ambiente medieval que se viveu durante dois dias.

Não faltaram também tendas de variadas artes e ofícios e as típicas tabernas de comes e bebes com iguarias de comer e chorar por mais. Mas nem só a realeza teve lugar de destaque na “Festa da História” e o primeiro dia do evento foi dedicado a episódios relativos a uma figura incontornável na história de Trancoso: o padre Costa, que alegadamente terá vivido no século XV e muito terá contribuído para o povoamento do território com os seus 299 descendentes. São Pedro também ajudou e não pregou nenhuma partida inesperada: «O balanço é extremamente positivo, até porque estiveram dois dias com temperaturas excelentes», afirmou o autarca trancosense, segundo o qual a presença dos dois atores no cortejo e bodas reais foi um atrativo. «Foi a primeira vez que trouxemos atores profissionais. Por norma recorremos à prata da casa, procurando jovens com algumas qualidades», explicou Amílcar Salvador. Mas, este ano, «para dar alguma dimensão ao cortejo e à cerimónia», apadrinharam caras conhecidas da televisão portuguesa que «vieram valorizar este dia e trazer mais gente a Trancoso», considerou o presidente.

Cerca de 70 a 80 expositores instalaram-se de malas e bagagens na “cidade de Bandarra” para exporem os seus produtos. Desde tasquinhas de ourives a queijeiros, passando por padeiros, – alguns trajados a rigor – a oferta era extensa, mas a procura podia ter sido melhor para alguns vendedores. «Está fraquinho, acho que foi dos piores anos», queixou-se Anabela Martins, que veio de Celorico da Beira para expor queijo artesanal e que participa neste certame há vários anos. A participar pela primeira vez na “Festa da História” com os pastéis de Tentúgal, António Pratas confirma que «há muitas pessoas pelas ruas, mas nem todas compram». Ainda assim, «está dentro da expectativa e os objetivos estão ser cumpridos», garantiu o expositor, acrescentando que as vendas não foram «nada de espetacular, mas também nada de deprimente».

Pelas ruas encontram-se pessoas que vieram pela primeira vez. É o caso de Ana Dias, de Sernancelhe: «Nunca tinha visto as bodas. Gostei muito, acho que está muito bem organizado e faz-nos relembrar um pouco o antigamente», disse, adiantando que tenciona repetir esta visita, «sempre que possível, se calhar nesta data». Mais habituada a estas andanças está Maria Gregório, que já tinha estado na “Festa da História” e para quem «este ano está muito melhor e mais bem organizada». Desde grupos locais a associações, praticamente todo o concelho esteve envolvido e «queremos continuar a melhorar», afiançou Amílcar Salvador, sem adiantar pormenores sobre a edição do próximo ano. «Trancoso é uma terra histórica cheia de lendas, de figuras, de monumentos, mas sobretudo de factos históricos. E isso para nós é um orgulho», defendeu o autarca.

Sara Guterres A recriação do casamento de D. Dinis com a Rainha Santa foi um dos pontos altos do fim-de-semana

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