Francisco Louçã defendeu, sábado, na Guarda a regionalização e a criação de redes regionais de serviços públicos para acabar de vez com o «interioricídio» em Portugal. O líder do Bloco de Esquerda (BE) participou na sessão de encerramento do “Encontro das Interioridades”, que reuniu participantes de vários pontos do país, e disse-se preocupado com a «interiorofobia» e «interioricídio» demonstrados pelo actual Governo quando propõe o encerramento de serviços da administração pública nestas regiões periféricas.
«Quando se começam a privatizar os CTT e a fechar estações de Correios, quando se privatiza a EDP e se organiza a rede de distribuição em função da lógica dos lucros e não da igualdade das populações, quando se fecham serviços de saúde ou escolas, ou tribunais, quando se acaba com o caminho-de-ferro e é substituído por serviços privados de rodoviária, em todas essas decisões há um “interioricídio” que se vai acentuando cada vez mais”, criticou Francisco Louça. O líder do BE constata que o Governo que fecha serviços, «porque diz que é preciso rentabilizar as maternidades», é o mesmo que dá 400 milhões de euros a Patrick Monteiro de Barros «para criar uma nova refinaria em Sines que vai exportar o petróleo refinado e deixar em Portugal o produto da poluição». E sublinha que, «nos grandes negócios em que se transformou o Casino Portugal, esta política deixa mais vulneráveis aqueles que são mais pobres».
Para ultrapassar a actual situação em que Portugal se encontra, o dirigente do BE considera urgente «parar a desagregação» dos serviços públicos, pois «enfraquece a democracia e uma democracia vazia é uma democracia inexistente. Um Estado ausente é um Estado totalmente ineficiente». Outra das medidas proposta passa pela criação de «redes regionais de serviços públicos integrados e coerentes», que, em seu entender, «permitam que o acesso à justiça, à saúde e à educação, sejam políticas de proximidade, garantias da democracia e não processos de exclusão». Por último, defendendo a regionalização, Louçã considerou que a existência das cinco regiões é «a única condição para que o país se possa desenvolver com vozes próprias que garantam que a distribuição democrática corresponda às necessidades das pessoas».