O coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA) afirma que «a Beiralã vai encerrar as portas no fim do mês» e que os 90 trabalhadores que estão a assegurar a laboração da fábrica têxtil de Seia vão ser «todos despedidos». De acordo com Carlos João, o encerramento já terá sido mesmo comunicado aos funcionários. O administrador judicial, António Correia, nega que tenha sido tomada tal decisão, mas admite que a hipótese está em cima da mesa.
«Houve há dias uma reunião entre os trabalhadores e Rui Cardoso, em que o antigo administrador explicou que vão ser todos despedidos até 31 de Julho», assegura Carlos João. O sindicalista refere que os argumentos utilizados para o fecho da fábrica foram «não se saber se a nova proposta vai ou não ser aprovada» e desconhecer-se a data de realização da nova assembleia de credores. «Parece-me que não há vontade de pagar subsídios de férias, nem as indemnizações», adianta o coordenador do STBA, reiterando que os despedimentos vão acontecer «aos poucos até ao fim de Julho». Depois da assembleia de credores ter optado por não apreciar o plano de insolvência e ter solicitado a sua reformulação, a 1 de Junho, já deu entrada uma nova proposta de viabilização da empresa no Tribunal de Seia, aguardando-se agora a marcação da próxima sessão. Carlos João não revela, para já, o conteúdo da proposta, por não ter sido ainda discutida com os trabalhadores, comentando apenas que «pouco ou nada muda» em relação ao documento anterior.
Segundo o sindicalista, já não é a Texwool Lanifícios que propõe viabilizar a firma, «mas a própria administração da Beiralã, de Rui Cardoso». O administrador judicial confirmou a O INTERIOR a existência deste novo plano de insolvência, mas recusou pronunciar-se sobre o conteúdo, bem como o autor, por considerar que nada deve ser revelado antes da assembleia de credores. Em relação aos despedimentos, António Correia disse apenas que irá tomar uma decisão nos próximos dias e que, a acontecer, as portas irão, de facto, fechar-se no fim do mês. «Para já, há duas trabalhadoras que avançaram com a rescisão dos contratos», confirma o administrador judicial. Recorde-se que a Beiralã está insolvente desde 1 de Abril, a pedido de um dos credores, a firma francesa Chargeurs Wools, tendo sido despedidos os 120 trabalhadores que estavam com os contratos de trabalho suspensos.
Naquela que foi a primeira assembleia de credores, o plano de insolvência não agradou e não foi votado, por forma a possibilitar uma segunda versão e a viabilização da fábrica. A proposta da Texwool Lanifícios, sediada no Parque Industrial do Canhoso (Covilhã), assentava no pagamento de apenas 15 por cento aos credores comuns e entes públicos em dez e 2 anos, respectivamente. No caso dos trabalhadores, a liquidação das verbas relativas às indemnizações por antiguidade não estavam incluídas, com a proposta a apontar para o pagamento de salários em atraso, férias, subsídios e respectivos proporcionais em 12 meses. No total, os créditos da Beiralã ascendem aos 12 milhões de euros. Os trabalhadores, a Segurança Social e o IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento são os maiores credores, com valores que variam entre os dois e os três milhões de euros.