Conheci na Beira Interior alguns produtos alimentares que fazem as delícias das papilas gustativas.
A nossa castanha, o azeite e os queijos serranos são um cartão de visita da nossa região.
Quando comparo a apresentação destes produtos com os seus concorrentes internacionais, verifico que não cuidamos da nossa imagem. São muito bons, mas não transmitem sedução ao cliente. E isso conduz-me a uma reflexão maior: valorizamos na nossa identidade as diversas batalhas que por aqui passaram em detrimento das bonitas histórias de amor que aqui se viveram.
Estamos no Outono e o nosso chão carrega-se das cores mais bonitas da natureza, usadas em todo o mundo na decoração de interiores. E nós não vendemos esse património. Limitamo-nos a valorizar “outras coisas”, como o património construído que polvilha a nossa região, paredes meias com prédios e marquises descaraterizantes.
Um casal enamorado da cidade terá dificuldade em lembrar-se das Casas do Côro ou das Casas da Lapa, para viver dias de amor.
Mas as regiões serranas de Itália, da Suíça ou mesmo da Irlanda, transmitirão a imagem sedutora que o enamorado casal pretende vivenciar por estes dias.
Acredito que este fenómeno esteja associado ao passado desta região, onde o frio inundava as casas, e assumia-se como inimigo dos beirões.
E isso marcou-nos na capacidade de sonhar e seduzir.
Vivemos tempos loucos. Sabemos agora que o futuro será o que fizermos dele. E se tivermos a utopia de imaginar uma Beira Sensual, correremos o risco de deixarmos aos nossos filhos uma região que todos querem visitar.
Por: Frederico Lucas