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Batalha de Castelo Rodrigo

A fortificação de Castelo Rodrigo foi sempre um dos principais bastiões da defesa das fronteiras do reino de Portugal. Após ter sido conquistada aos mouros por Afonso Henriques, em 1170, Castelo Rodrigo voltou a cair nas mãos dos muçulmanos e só foi reconquistada, definitivamente, pelos cristãos no tempo de D. Sancho I (que lhe outorgou foral a 11 de setembro de 1209).

Após a Conspiração independentista de 1640, que restaurou a soberania do reino de Portugal face a Espanha, deu-se início a um período de conflitos armados que ficou conhecido como a Guerra de Restauração (1640-1668). A maioria das grandes batalhas da Guerra da Restauração ocorreu no Alentejo. Mas, depois dos seus fracassos militares nas planícies alentejanas (Batalha do Montijo, Badajoz, 1644; Batalha de Arronches 1653; Batalha das Linhas de Elvas, 1659; e Batalha do Ameixial, Estremoz, 1663), os espanhóis decidiram alterar a sua estratégia. Com efeito, no Verão de 1664, o Duque de Ossuna iniciou uma grande ofensiva, que se pretendia decisiva, na região das Beiras. No âmbito desta ofensiva, as forças espanholas entraram pela fronteira de Almeida e montaram um cerco à praça-forte de Castelo Rodrigo, que sabiam estar servida por uma fraca guarnição. Convém referir que a atual praça-forte de Almeida só começou a ser construída em 1641 (e só ficou concluída no final do séc. XVIII). Por conseguinte, a defesa da região estava a cargo da praça-forte de Castelo Rodrigo.

Percebendo, de imediato, o alcance do plano do Duque de Ossuna, Pero Jacques de Magalhães acorreu de imediato em defesa de Castelo Rodrigo. Assim, na manhã de 7 de julho de 1664, nos campos da Salgadela, com um ataque sobre os flancos das tropas sitiantes do Duque de Ossuna espalhou o pânico entre as forças inimigas, que, mesmo assim, ainda conseguiram resistir ao primeiro embate. Mas, o segundo assalto das forças portuguesas acabou por desbaratar, por completo, as forças espanholas, que abandonaram, à pressa e desorganizadamente, o campo de batalha, deixando para trás, os seus mortos e feridos e uma grande quantidade de material de guerra.

Este desaire dos espanhóis nos campos de batalha de Castelo Rodrigo colocou, praticamente, um ponto final na Guerra da Restauração. Apesar de terem sido humilhados em Castelo Rodrigo, os espanhóis ainda tentaram “a sua sorte”, mais uma vez, no ano seguinte, no Alentejo. Mas, a nova derrota dos espanhóis, nos campos alentejanos de Montes Claros, nos arredores de Borba (em 1665), ditou o fim de um longo período de 28 anos de guerra entre Portugal e Espanha (confirmado com a assinatura do Tratado de Lisboa, em 1668).

António Morgado, Figueira de Castelo Rodrigo

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