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Barca d’Alva inaugura cruzeiro no Douro

Falta de alojamento na região é o principal entrave ao desenvolvimento do turismo

Há muitos anos que o rio Douro recebe turistas oriundos de todo o lado para apreciar a beleza das suas margens. Partem da Régua até Barca d’Alva, entre outros trajectos, mas a Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo quer que esta localidade seja também um cais de partida e não só de chegada. O “pontapé de saída” destas viagens foi dado no último sábado com o primeiro passeio entre Barca d’Alva e Ferradosa.

Na margem esquerda aparece Almendra, Castelo Melhor e depois Foz Côa, entre outras localidades de que damos conta pelas estações ou apeadeiros ferroviários desactivados e abandonados. Depois da eclusa do Pocinho surgem socalcos de vinhas e belas quintas a perder de vista. Cockburn’s, Quinta do Lombazim, Quinta do Vesúvio ou Senhora da Ribeira são algumas dessas propriedades que embelezam as margens do Douro. Do “Pirata Azul” vê-se o surribar das vinhas, pequenos laranjais e algumas oliveiras dispersas pela encosta, enquanto se adentra pelo Douro Vinhateiro-Património Mundial. Sempre com a linha dos caminhos de ferro a acompanhar, mas ali já com o comboio a funcionar. Chegados à Ferradosa faz-se inversão de marcha e regressa-se a Barca d’Alva, terra onde viveu Guerra Junqueiro. O almoço é servido a bordo, acompanhado pelo vinho de Figueira de Castelo Rodrigo. «O serviço de “catering” é para ser concessionado a empresas da região, tal como os produtos regionais e a própria animação», adianta António Edmundo, vice-presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo. Este tipo de viagens deve ser implementado ainda este ano, uma vez que o produto começa a «ganhar consistência em termos turísticos», acrescenta.

Entretanto, o circuito já foi mostrado aos operadores turísticos e vai ser promovido nos postos de turismo. «Estamos a colocar Barca d’Alva na rota do turismo, como um cais também de partida», refere o vice-presidente, dizendo que no futuro também ali poderá dormir quem quiser visitar o rio Douro. Para Fernanda Correia, de 76 anos, natural de Barca d’Alva, o cais «dá vida à terra, que está muito parada». Apesar de viver uma vida inteira junto ao rio, nunca antes se tinha aventurado a andar de barco. A sua primeira vez aconteceu no domingo, a convite da autarquia, e, apesar do nervoso miudinho, estava radiante: «Vamos lá ver!», exclamou. Segundo Avelino Moreira, director comercial da Barcadouro, empresa de cruzeiros no Douro, a região tem muitas potencialidades turísticas, «só faltam que sejam todas aproveitadas», tanto mais que o mercado espanhol está à mão de semear. Porém, a maior dificuldade neste trajecto prende-se com a falta de alojamento na região: «Caso contrário seria mais fácil cativar as pessoas para ficarem aqui. Até porque há mercado», garante o responsável. Actualmente, este cruzeiro é realizável entre a Régua e Barca d’Alva, com regresso de comboio, a partir de 80 euros.

Patrícia Correia

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