Dentro de dias, a Loca – Lagar Oleícola do Cruzamento de Alcaria (Fundão), a Penazeites – Azeites Tradicionais (de Penamacor), a Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Fundão e o lagar da herdade da Tapada da Tojeira (em Vila Velha de Ródão) passarão a ostentar a “Bandeira Azul”, símbolo de qualidade e higiene. As bandeiras foram entregues no Parlamento Europeu, na semana passada, aos quatro lagares, que também assinaram os primeiros protocolos de iniciação da Rota dos Lagares, um dos projectos mais ambiciosos da Confraria do Azeite da Cova da Beira.
É a primeira vez em toda a Europa que a Bandeira Azul, que apela à consciencialização dos cidadãos para a área ambiental, segurança e qualidade, é entregue a lagares. «Pertencermos à rota e termos este reconhecimento é um grande orgulho», confessou Diogo Mendes, da Loca. Alfredo Ferreira, da Penazeites, atreve-se mesmo a afirmar que a Bandeira Azul é uma forma de «realçar a importância e a imagem» destes lagares. Opinião partilhada por Luís Coutinho, do lagar biológico da Tapada da Tojeira, e restantes responsáveis, que já estudam uma forma de dinamizar a marca de qualidade. Há algumas ideias, como a menção da Rota dos Lagares nos rótulos das garrafas de azeite, panfletos e a colocação de um selo com a Bandeira Azul nos produtos, à semelhança do que acontece com a fruta. «Mas temos que trabalhar em conjunto para que as coisas funcionem, pois, isolados, não conseguiremos ter a dimensão que pretendemos», avisa, por sua vez, Renato Amador, gestor da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Fundão.
Por isso, os quatro lagares, em conjunto com a Associação dos Produtores de Azeite da Beira Interior (APABI), estão a tentar criar uma «marca-chapéu» para os azeites da Beira Baixa. «É uma forma de ganharmos sinergias. Por exemplo, podemos ter no mercado cinco ou seis azeites diferentes sobre a mesma denominação – Azeites da Beira Baixa – para agradar a diferentes públicos», refere. Tarefa que está bem encaminhada, visto que a APABI já possui azeites certificados com esta denominação. Quanto à rota, tudo indica que venha a ter mais lagares dentro de pouco tempo. «Há muitos pretendentes», adianta Pedro Fiães, mentor do projecto. Mas este passo terá que ser «feito aos poucos» para haver maior rigor no cumprimento dos critérios, acrescenta, até porque os protocolos são apenas bianuais. «Se o lagar perder qualidade e não cumprir com as regras, retira-se a bandeira», avisa. Por enquanto, a rota vai ser divulgada pelos lagares aderentes, panfletos, através da Fundão Turismo e de sinalética na A23, com quem Confraria está já em negociações. Quando tudo estiver mais operacional, poderão criar-se trilhos específicos de acordo com «as características do azeite», adianta.
Liliana Correia