Perfil:
– Teresa Tavares
– Coordenadora do Banco de Tempo do Fundão
– Idade: 34 anos
– Profissão: Socióloga
– Naturalidade: Fatela – Fundão
– Currículo: Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade Nova de Lisboa, formadora em diversas áreas
– Hobbies: Interesse pela restauração e conservação do património local, interesse por poesia, voluntariado, pintura e desenho
P-A funcionar na Câmara do Fundão há cerca de um ano e meio, que balanço faz do Banco de Tempo? Conseguiram atingir os objectivos?
R- Pode-se dizer que o balanço não é totalmente negativo. A maioria dos objectivos têm sido cumpridos nas actividades de apoio à conciliação entre trabalho e família, na revitalização do conceito de complementaridade e na definição de obstáculos e medidas a partir do que as pessoas vivem no quotidiano, ligadas a problemas da falta e gestão do tempo. A Agência Banco de Tempo aparece como uma resposta na medida em que actua localmente com uma visão global e com a participação de todos, fomentando o sentido de comunidade, a sociabilização, a colaboração entre as diversas faixas etárias, a integração social, diminuindo os problemas ligados ao desemprego e consequentemente ao isolamento e solidão. Valorizamos as pessoas, os seus talentos e os seus sonhos. A Agência tem valorizado o tempo e a cultura do cuidado, afecto e atenção. Banco de Tempo é sinónimo de Banco de Gente, podendo assim oferecer-se os saberes profissionais, domésticos, entre outros. É a questão dos saberes que têm uma função social. É essencialmente promover uma sociedade que reconheça a dependência, a rede interpessoal através de uma estrutura facilitadora de intercâmbios cruzados, devolvendo a dignidade e a condição de plena cidadania. É uma sociedade que sabe que os objectivos de cada pessoa variam ao longo da vida e reconhece a necessidade de tempos para constituir família, tempos de reflexão e paragem, ou tempos para conhecer o mundo e experimentar outras actividades.
P-Esta iniciativa centra-se sobretudo numa troca de serviços. Conseguiram fomentar uma “cultura de solidariedade” no concelho?
R-A troca de serviços que é feita é importante quando recaem sobre as reais necessidades e interesses dos indivíduos e o seu meio. A dinamização das trocas tem aqui o seu papel fundamental se se conseguir manter uma relação de proximidade com os membros, envolvendo-os cada vez mais nas actividades da Agência, que procura estender uma “cultura de solidariedade” ao concelho, actuando mais, de momento, na cidade do Fundão. No entanto, existe ainda uma visibilidade reduzida da dita cultura, da boa vontade, fraternidade, igualdade e melhoria da qualidade de vida. Não se trata de vender um serviço, já que quando falamos de Banco, falamos de depositar tempo, nem de nos entretermos. Pretende-se detectar as carências existentes no Concelho a nível social e construir uma rede de entre e interajuda, na sociedade activa e interactiva. A solidariedade assenta em valores e princípios que se contrapõem à cultura caracterizada pelo individualismo. São experiências criativas, como a Agência Banco de Tempo que preparam formas diferentes de organizar a sociedade e construir, colectivamente, um outro futuro. Divulgar a Agência e todos os seus objectivos, nos meios de comunicação, a grupos e pessoas da comunidade local, é uma boa forma de fomentar a “cultura de solidariedade”.
P-Quantos membros possui a instituição?
R- Actualmente a Agência possui 15 membros: 10 mulheres e 5 homens, desde os 18 aos 70 anos, com tendência para aumentar com mais 4 pré-inscrições. O número de membros é importante, visto haver mais possibilidades de trocas, mas são estas as essenciais para o bom e positivo funcionamento da Agência.
P-As pessoas têm solicitado a ajuda do Banco de Tempo? Quais os pedidos mais frequentes?
R- A solicitação de serviços têm aumentado relativamente ao número de membros. Os pedidos mais frequentes vão desde conversação em inglês, esclarecimentos de informática, companhia a idosos ou crianças, sessões fotográficas, trabalhos manuais e aulas de pintura, arranjos de costura, ajuda doméstica, reparações domésticas, expressão dramática, primeiros socorros e preenchimento de documentos.
P-Quais as novidades para o futuro?
R-A curto prazo, pretende-se tornar mais visível a Agência, sensibilizar e formar os indivíduos. A longo prazo, pretende-se uma exposição mais alargada ao público e a promoção de actividades de carácter social e cultural. Ao olhar para este ano e meio de existência, podemos verificar e apontar aspectos francamente positivos e considerá-los como sucessos da Agência! Claro que nunca estamos satisfeitos. Aspiramos a mais! Todos temos “todo o tempo do mundo”: basta ter vontade, investindo nos outros e consequentemente ganhar em proveito próprio.