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Bacalhau com notas

observatório de ornitorrincos

Soares foi presidente. Cavaco é candidato. Jerónimo é cândido. Alegre é antídoto. Louçã é anti-tudo. Sou um saudoso das monarquias nórdicas. Seja pela monarquia como pelas nórdicas. As presidenciais são uma pega de caras em que o forcado que vai à frente é o eleitor. Os candidatos são os rabejadores. Quando já toda a gente segurou o touro, eles vão lá pegar no rabo e acenar à multidão.

Assumo aqui a minha posição nas presidenciais: sentado, de preferência no sofá. Gostava de ver um destes candidatos ganhar, embora não com o meu voto. Nas próximas eleições o meu voto é de castidade. Soares, no seu segundo mandato, usou várias vezes o veto de castidade. Jerónimo e Cavaco candidatam-se uma outra vez, depois de perderem uma vez nas presidenciais e várias vezes ao dominó jogado ao fim da tarde na casa de repouso que ambos partilham com Soares. Alegre gosta de caçar. Louçã gosta de maçar. O MRPP continua a garçar.

Janeiro será época de saldos para a água e de chuvas torreenseais (com origem na Alameda das Linhas de Torres) e as eleições podem acabar quase empapadas em número de votos. A propósito, gostava de assinalar o progresso do Sporting, que acabou o jogo com o Gil Vicente empapado a duas bolas de Berlim.

Para disputar a esquerda galhofeira e a esquerda socrática (“só sei que nada sei de marxismo ou social-democracia”), Soares e Alegre apresentaram cada um a sua candidaturra. Ao centro-centro-quase-quase-centro-direita havia uma tão grande vaga a chamar por Cavaco que este chegou num vagão de fundo. À direita, sem candidato especializado ou curso de formação profissional na área da candidatura múltipla em actividade, resta votar Cavaco ou ficar em casa à espera da derrota de todos os outros. Nem que seja porque foi o único que não visitou, física ou emocionalmente, o Fórum Social de Porto Alegre. Para um cínico reaccionário Cavaco poderá mesmo ser o único candidato da esquerda moderada.

Helena Roseta queixa-se do seu PS, que tem apenas olhos para Soares e alhos para Alegre. Soares manda o porta-voz dar recados ao porta-estandarte de Cavaco. Cavaco não quer que ninguém fale por ele e Fernando Lima despediu o ventríloquo. Jerónimo lembra que nos devemos lembrar de não nos esquecermos do esquecimento das lembranças deixadas por Cavaco-primeiro-ministro.

Nesta campanha parecem querer, definitivamente, atirar-nos areia para os molhos. Aqui deixo lavrado o meu por testo. Na minha maionese não!

Um Cavaquinho, um Soarusco e um Alegrete foi o melhor que o país conseguiu engendrar. De fato, Portugal é um país ébrio a precisar de obras.

EU OUVI FALAR NUM ORNITORRINCO

Vírus da gripe

Os ornitorrincos são mamíferos que põem ovos, as aves migratórias são besugos que trazem doenças e os homens são uns palhaços que ficam em pânico por tudo e por nada (eu, pelo menos, sou e fico). O vírus é um bicho pequeno e não acredito que faça pior do que a dose diária da 1ª Companhia. E se a doença atingir Portugal, temo que essa gente que finge na televisão andar na tropa seja a primeira a ser dizimada. O vírus pode não ser selectivo, mas a passarada que por lá mora é demasiado esquisita.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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