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Austeridade não abranda apesar da nota positiva das últimas avaliações da “troika”

Portugal deverá receber em novembro uma nova tranche de 5,6 mil milhões de euros na sequência da nota positiva dada pela “troika” à oitava e nona avaliações regulares ao programa de assistência, segundo um comunicado conjunto do FMI, BCE e Comissão Europeia.

A sobretaxa de 3,5 por cento em sede de IRS, criada para retirar um dos subsídios a todos os trabalhadores a favor do Estado, vai manter-se no próximo ano, afirmou ontem a ministra das Finanças durante a apresentação dos resultados das avaliações. Segundo Maria Luís Albuquerque, «todas as medidas de caráter excecional serão mantidas» no próximo ano. Já a contribuição especial sobre as pensões, que ficou conhecida como a TSU das pensões, não avançará em 2014, anunciou por sua vez o vice-primeiro-ministro Paulo Portas, dizendo logo de seguida que isso não quer dizer que a convergência entre os regimes de pensões da Caixa Geral de Aposentações e o regime geral de pensões tenha caído também.

O governante não explicou diretamente que medidas serão utilizadas para compensar a perda de receita estimada para esta medida, no entanto adiantou que os ministérios serão obrigados a uma contenção ainda maior que a que estava já prevista na ordem dos 0,3 pontos percentuais do PIB, a aplicar nas rubricas da despesa corrente primária (exclui juros da dívida pública).

A “troika” deu nota positiva a Portugal ao fim da oitava e nova avaliações regulares ao programa de assistência, informou hoje o Governo, em conferência de imprensa. «Passámos estas avaliações, o que credibiliza Portugal e permite ao país aproximar-se decisivamente do fim do processo de ajustamento», afirmou Paulo Portas. De acordo com o Governo, as metas do défice orçamental permanecem inalteradas nos 5,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e nos 4 por cento em 2014.

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, afirmou que foi defendido pelo Governo, durante as negociações, um alargamento da meta do défice para o ano que vem dos atuais 4 para 4,5 por cento, mas a “troika” não revelou abertura. «O Governo defendeu, como já fizera em abril deste ano, um objetivo mais adequado e dentro dos limites do tratado orçamental da União Europeia, 4,5 por cento», da meta para 2014, afirmou Paulo Portas durante a apresentação dos resultados. O ministro aproveitou para afirmar que, segundo o Governo, esta alteração seria «melhor para o interesse nacional», mas que esta proposta esbarrou na intransigência da “troika”.

O Governo e a “troika” reviram em alta a previsão de crescimento para o próximo ano de 0,6 por cento para 0,8 por cento do PIB, na sequência destas avaliações do Programa de Assistência Económica e Financeira. Segundo Paulo Portas, a revisão incorpora as melhorias no desempenho económico que terão acontecido no segundo e terceiro trimestres deste ano. As previsões para o desemprego serão também melhores, apesar de Paulo Portas não ter detalhado o cenário macroeconómico, dizendo apenas que o aumento do desemprego não será tão elevado como esperado na última revisão (18,2 por cento este ano e 18,5 por cento no próximo ano).

A ministra das Finanças explicou ainda que o Governo e a “troika” esperam que a recessão seja também inferior este ano. Na sétima avaliação esperava-se uma recessão de 2,3 por cento do PIB e agora espera-se uma recessão na ordem dos 1,8 por cento do PIB. Maria Luís Albuquerque afirmou ainda que o Governo não acordou com a “troika” «quaisquer medidas de contingência» para 2014. «Não temos um plano de contingência, não há medidas de contingência. O Governo está persuadido de que são estas as medidas necessárias, de que são estas as medidas que permitirão reequilibrar o esforço entre despesa e receita», afirmou, destacando que as medidas tomadas no ano passado «desequilibraram esse esforço excessivamente para o lado da receita».

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