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Aumento do desemprego preocupa REAPN de Castelo Branco

Combate à pobreza “encapotada” deverá ser uma das prioridades nos próximos quatro anos em projectos anti-pobreza e contra a exclusão social

«Há muita pobreza no distrito, tanto visível, como invisível». A constatação foi feita a “O Interior” por Manuel Antunes Correia, coordenador do núcleo de Castelo Branco da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN), após o terceiro encontro de Projectos de Luta Contra a Pobreza (PLCP). A reunião, que decorreu na última segunda-feira na Universidade da Beira Interior, foi promovida por aquele núcleo para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

Eliminar a pobreza e a exclusão social continua a ser a prioridade neste milénio. Isto porque o cenário continua desolador em todo o mundo. Só na Europa dos 25, os últimos dados relativos à pobreza e exclusão social – referentes a 2003 – apontavam para cerca de 72 milhões de cidadãos em risco de pobreza. Portugal continua no extremo com 19 por cento da população no limiar da pobreza, sendo apenas ultrapassada por países como a Eslováquia, Irlanda e Grécia. Apesar de ainda não existirem dados relativos ao distrito de Castelo Branco – que se encontram ainda em elaboração – o cenário que se traça é já preocupante, tendo em conta o elevado número de desempregados existentes no distrito, provenientes do encerramento das empresas têxteis, e o aumento da pobreza envergonhada. Segundo os técnicos da REAPN, as mulheres com mais de 40 anos são as mais atingidas, uma vez que trabalharam a maior parte da vida nas confecções, isto para além de muitas terem um baixo nível de escolaridade e de não haver perspectivas de emprego no distrito. Um cenário que tem tendências para piorar, pelo que a REAPN está já a preparar terreno para desenvolver nos próximos quatro anos os projectos apoiados pelo programa Progride, que atribui apoios a projectos que pretendam responder às necessidades de uma determinada localidade ou grupo social em duas medidas específicas. São elas o combate à exclusão social e a promoção da inclusão social.

Além de mostrar o trabalho e os resultados obtidos em seis PLCP [Intermargens (Fundão), Desenvolver para Integrar 2 (Fundão), Grão-a-Grão (Covilhã), Reagir (Oleiros), Reagir no Pinhal (Proença-a-Nova) e Porta-Aberta (Castelo Branco)] ao longo de dois anos (que terminam em Dezembro), o terceiro encontro serviu sobretudo para «criar sinergias» entre as instituições. Isto para que os futuros projectos a desenvolver no âmbito do Progride «complementem o trabalho que já foi efectuado», salienta Manuel Antunes Correia. «Não nos interessa andar a duplicar os trabalhos, mas aquilo que ainda não foi feito», acrescenta. Assim, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, criação de unidades móveis de saúde, combate à violência doméstica e à pobreza envergonhada deverão ser algumas das medidas a desenvolver no âmbito do Progride, atira Manuel Antunes Correia, para que se possa «diminuir a pobreza e ajudar as pessoas que mais necessitam».

Liliana Correia

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